Carlos Bolsonaro aproveitou viagem do pai para visitar o Palácio do PlanaltoReprodução Twitter
Por O Dia
Publicado 22/03/2019 10:03 | Atualizado 22/03/2019 10:11

Rio - Uma alfinetada do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) fez o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), explodir quando já estava irritado ao saber da prisão do padrasto de sua mulher, o ex-ministro de Minas e Energia Moreira Franco, na quinta-feira. É que o "zero dois" de Bolsonaro repercutiu, nas redes sociais, o mal-estar entre o ministro da Justiça e Maia acerca do pacote anti-crime de Moro.

No Instagram, Carlos indagou: "Por que o presidente da Câmara está tão nervoso?". E, no Twitter, escreveu: "Há algo bem errado que não está certo!", escreveu, comentando um posicionamento de Sergio Moro, rebatendo críticas de Maia. "O povo brasileiro não aguenta mais", afirmou Moro.

O presidente da Câmara alega que combinou com o presidente Bolsonaro priorizar a tramitação da reforma da Previdência, enquanto Moro insiste que seu pacote seja encaminhado em paralelo. 

Maia procurou interlocutores no governo que alertaram o presidente Jair Bolsonaro de que era preciso conter Carlos sob o risco de o deputado abandonar a articulação para aprovação da reforma da Previdência.

Na tarde de quinta-feira, o presidente da Câmara mandou recado a apoiadores de Bolsonaro que o atacam, ressaltando sua articulação pela reforma da Previdência do governo.

No sábado, em um churrasco na casa de Maia, um interlocutor também já havia dito a Bolsonaro que ou ele dava "um basta" na guerra pelas redes sociais ou a situação ficaria complicada para o governo. O recado foi o de que até mesmo ele poderia ser considerado avalista das agressões virtuais. Bolsonaro respondeu que não tinha como controlar seus milhões de seguidores.

Maia ataca Moro e desqualifica pacote

Rodrigo Maia (DEM-RJ) elevou o tom contra Sergio Moro na quarta-feira, quando rebateu declarações do ministro da Justiça e Segurança Pública, que cobrou o início da tramitação do pacote anticorrupção simultaneamente à discussão da reforma da Previdência. Maia afirmou que o ministro é "funcionário" de Bolsonaro e que se o governo quiser mudar a tramitação das propostas a demanda deve partir do presidente. 

"Funcionário do presidente Bolsonaro? Conversa com o presidente Bolsonaro e se o presidente Bolsonaro quiser, conversa comigo. Eu fiz aquilo que acho correto", afirmou Maia.

Mais cedo, Moro havia participado do lançamento da Frente Parlamentar de Segurança, a chamada bancada da bala, e disse que procuraria Maia para pedir celeridade à sua proposta. "Vou conversar respeitosamente com o presidente da Casa", disse o ministro pela manhã.

Isso porque o presidente da Câmara decidiu criar um grupo de deputados que, por 90 dias, analisará o projeto de Moro e outros com a mesma temática, antes de enviá-lo a uma comissão da Casa, o que, na prática, "trava" a discussão das propostas.

Maia afirmou que o ministro conhece "pouco a política". "Não estou irritado, mas acho que ele conhece pouco a política. Eu sou presidente da Câmara, ele é ministro, funcionário do presidente Bolsonaro. Então, o presidente Bolsonaro é quem tem que dialogar comigo. Ele está confundido as bolas. Ele não é presidente da República. Não foi eleito para isso. Está ficando uma situação ruim para ele", afirmou o parlamentar.

Cópia e cola

Maia ainda acusou Moro de "copiar" uma outra proposta encaminhada ao Congresso pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. "O projeto é importante. Aliás, ele (Moro) está copiando projeto do ministro Alexandre de Morais, copia e cola. Então tem poucas novidades no projeto dele", disse. "Vamos apensar um ou outro projeto, mas o prioritário é o do ministro Alexandre de Moraes. No momento adequado, depois de votar a Previdência, vamos votar o projeto dele. O que precisamos é que o ministério da Justiça diga, com a estrutura que tem, como enfrentar o combate ao crime organizado".

A reação de Maia também ocorre após virar alvo de apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais por críticas à proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governo. Ele também causou indignação entre militares por ter afirmado, anteontem, que a categoria chegou no "fim da festa" ao propor a reestruturação das carreiras como contrapartida a mudanças nas regras de aposentadoria.

Fiador

Maia é o fiador da reforma da Previdência na Câmara e, se quiser, pode prejudicar a tramitação do texto. Até agora, o deputado também estava ajudando a construir a base aliada.

No auge da irritação nesta quinta-feira, Maia disse que não entendia por que estava sendo atacado. "Estou aqui para ajudar. Se acham que estou atrapalhando, eu saio", avisou. 

*Com Estadão Conteúdo

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