Ministro da Educação, Abraham Weintraub - Antonio Cruz/Agência Brasil
Ministro da Educação, Abraham WeintraubAntonio Cruz/Agência Brasil
Por O Dia

Rio - Em seu primeiro dia à frente do Ministério da Educação (MEC), o economista Abraham Weintraub falou que não vai mais tolerar vazamentos de informações no MEC. A informação veio à público porque ele não desligou uma ligação na manhã de quarta-feira com a reportagem do jornal O Globo, que ouviu a conversa do ministro com o secretário nacional de Alfabetização, Carlos Nadalim, por 14 minutos.

Na conversa, o ministro levantou o perfil de colaboradores do MEC e de funcionários demitidos ligados ao ideólogo de direita Olavo de Carvalho. Nadalim também é ex-aluno do escritor. Weintraub também demonstrou preocupação com brigas internas entre as alas militar e ideológica, dos chamados 'olavetes', na pasta.

O novo ministro perguntou sobre Bruna Luiza Becker e Eduardo Sallenave, assessores especiais do MEC, Eduardo Melo, ex-secretário-adjunto da Secretaria Executiva do MEC e um dos primeiros demitidos na crise que irrompe na pasta, segundo o jornal O Globo. O grupo ligado a Olavo de Carvalho defende o retorno de Melo ao cargo. 

Weintraub se queixou de posturas que considera inadequadas na pasta. Disse que se alguém "toma uma posição sem autorização da chefia" será "mandado embora". O ministro acrescenta que o MEC não vai mais se pautar pelo que é noticiado pela imprensa, e que não quer ninguém fazendo "barulho" no ministério.

"Não pode sair falando (inaudível). Se ele toma uma posição sem autorização minha, é mandado embora no mesmo instante", disse o ministro, que continua a discorrer sobre o vazamento de informações. "Quem deu autorização? Sabotagem." Em outro trecho, o novo ministro afirmou que havia integrantes do MEC "totalmente conectados" com a imprensa.

Em outro vazamento do tipo em fevereiro, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, ligou para um repórter sem querer enquanto conversava com Bolsonaro. No breve diálogo, os dois tratam da demissão do ex-ministro Gustavo Bebianno. Após o incidente, o presidente determinou o confisco de celulares durante reuniões.

Weintraub diz que não é radical e que vai pacificar MEC

Em seu discurso de posse, na terça-feira, Weintraub disse que pretende pacificar o Ministério da Educação (MEC). "O que a gente vai fazer aqui, a primeira coisa, é pacificar. Quem continuar na guerra, quem continuar batendo, está fora, não tem segundo aviso", afirmou, em discurso, ao receber o cargo do antecessor, Ricardo Vélez Rodríguez.

"Não sou radical", reafirmou o ministro, dizendo que está "aberto a diversas posições, a olavistas (como são chamados aqueles que passaram pelos cursos do filósofo Olavo de Carvalho), a militares, a gente de esquerda disposta ao diálogo."

O ministro disse que está aberto ao diálogo com todos, que vai ouvir, aceitar números, dados e evidências e, caso esteja errado, vai ceder. Ele ressaltou que se pautará pelo que está no plano de governo do presidente Jair Bolsonaro. “O que vamos fazer está no plano de governo, não é nenhum absurdo.”

Weintraub deixou claro, no entanto, que, para o funcionamento da pasta, é preciso unidade. “O MEC tem um rumo, uma direção, e quem não concorda, por favor, avise, que será tirado”, disse e acrescentou: “A partir do momento que entro no governo, tenho que me pautar pelas convicções feitas no topo do time. Eu posso ter posições diferentes do presidente Bolsonaro. Eu tenho duas alternativas, ou obedeço, ou caio fora.”

A administração de Vélez no MEC foi marcada por polêmicas e pela troca de pelos menos 10 cargos do alto escalão do ministério e órgãos vinculados nas últimas semanas.

 

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