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Evento "Adoção na Passarela" gerou polêmica ao exibir crianças órfãs em shoppingDivulgação
Por iG
Cuiabá - Criado com o intuito de dar "visibilidade a crianças e adolescentes que estão aptos para adoção em no estado do Mato-Grosso", de acordo com os idealizadores, a segunda edição do evento "Adoção na Passarela" gerou muita controvérsia nas redes sociais.

Promovido pela Associação mato-grossense de Pesquisa e Apoio à Adoção (AMPARA) em parceria com a Comissão de Infância e Juventude (CIJ) da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-T), o " Adoção na Passarela" colocou crianças e adolescentes entre 4 e 17 anos para "desfilar" no Pantanal Shopping na noite desta terça-feira.

"Será uma noite para os pretendentes - pessoas que estão aptas a adotar - poderem conhecer as crianças, a população em geral poderá ter mais informações sobre adoção e as crianças em si terão um dia diferenciado em que elas irão se produzir, cabelo, roupa e maquiagem para o desfile", disse a presidente da Comissão de Infância e Juventude da OAB-MT e da Comissão Nacional da Infância, Tatiane de Barros Ramalho, antes da realização do evento.

Apesar da causa nobre, a realização do evento acabou virando motivo de polêmica nas redes sociais. Para muitos usuários, a exposição dos menores de idade que estão a procura de um lar foi vista com maus olhos. "Que crueldade", escreveu uma internauta. "Vexatório", disse outro.

A crítica também partiu de algumas personalidades. O advogado criminalista Eduardo Mahon, que é ligado às questões culturais de Mato Grosso, escreveu que o evento lembra "uma antiga feira de escravos, onde os senhores viam os dentes e o corpo dos africanos para negociar o lance." Ele não foi o único a falar sobre uma supostas "mercantilização" dos órfãos.

Candidato à Presidência da República nas últimas eleições, Guilherme Boulos também falou sobre o evento. "A 'passarela da adoção', em Cuiabá, expondo crianças de 4 a 17 anos para a escolha dos pretendentes pais é de uma perversidade inacreditável. Os efeitos psicológicos da exposição, expectativa e frustração dessas crianças pode ser devastador, ainda que a intenção tenha sido outra", reclamou.


A ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, também questionou a realização do evento nas redes sociais. O jornalista Paulo Henrique Amorim foi mais um a comentar o evento em um post em seu blog. "Uma inovação alucinada", opinou.

Desde a enxurrada de críticas, as instituições responsáveis pelo " Adoção na Passarela" não se manifestaram. Essa a segunda vez que o evento é realizado. No ano passado, de acordo com os idealizadores, duas crianças acabaram adotadas.