Ex-comandante do Exército, general Eduardo Villas BoasAgência Brasil
Por ESTADÃO CONTEÚDO
Publicado 06/05/2019 15:02
Brasília - O ex-comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, reagiu às críticas do escritor Olavo de Carvalho, guru bolsonarista, contra os militares do governo de Jair Bolsonaro. Em nota publicada em suas redes sociais, o general chama Olavo de "Trotski de direita", em referência ao revolucionário bolchevique, figura central da guerra civil russa.
"Mais uma vez o sr. Olavo de Carvalho a partir de seu vazio existencial derrama seus ataques aos militares e as Forças Armadas demonstrando total falta de princípios básicos de educação, de respeito e de mínimo de humildade e modéstia", escreve Villas Bôas.
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"Verdadeiro Trotski de direita, não compreende que substituindo uma ideologia pela outra não contribui para a elaboração de uma base de pensamento que promova soluções concretas para os problemas brasileiros", diz Villas Bôas.
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Olavo de Carvalho tem feito duras críticas ao general Santos Cruz, da Secretaria de Governo, que em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo citou a necessidade de se aprimorar a legislação que trata das redes sociais. "(O uso das redes sociais) Tem de ser disciplinado, até a legislação tem de ser aprimorada, e as pessoas de bom senso têm de atuar mais para chamar as pessoas à consciência de que a gente precisa dialogar mais, e não brigar", disse na ocasião.
Em postagem no sábado, 4, Olavo de Carvalho comparou o ministro a Ciro Gomes (PDT), candidato derrotado à Presidência, e disse que Santos Cruz "fofoca e difama pelas costas". O ministro retrucou e, em entrevista, chamou Olavo de "um desocupado esquizofrênico".
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No Twitter, Olavo de Carvalho fez uma sequência de comentários sobre o militar. "O Santos Cruz quer que a segurança pública esteja às ordens de organizações notoriamente esquerdistas", escreveu no Domingo (5). "O Santos Cruz não é capaz de imaginar o que seja um escritor. Só conhece politiqueiros e fofoqueiros de m.... como ele mesmo", continuou nesta segunda-feira.
Ainda nesta segunda, negou que queira "tirar" Santos Cruz do cargo. "Não sou um agente político, sou um escritor e professor. Não quero tirar o Santos Cruz da p.... de ministério que ele ocupa. Quero apenas despertar sua inteligência e seu senso moral para que ele corrija o imenso mal que está fazendo. Fique com o cargo, mas tome jeito.".
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Para Villas Bôas, Olavo de Carvalho "age no sentido de acentuar as divergências nacionais no momento em que a sociedade brasileira necessita recuperar a coesão e estruturar um projeto para o País. A escolha dos militares como alvo é compreensível por sua impotência diante da solidez dessas instituições e a incapacidade de compreender os valores e princípios que as sustentam."
Bolsonaro tem boa relação com Villas Bôas. Após deixar o comando do Exército, o general virou consultor do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, órgão comandado pelo general Augusto Heleno. Em janeiro, o presidente recém-empossado disse que Villas Boas era "um dos responsáveis" por sua eleição. Já Villas Bôas diz que Bolsonaro resgatou Brasil de "amarra ideológica".