Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e a empresária Leticia CatelaniReprodução/ Instagram
Por O Dia
Publicado 07/05/2019 09:31 | Atualizado 07/05/2019 09:32
Brasília - Um dos assuntos mais comentados no Twitter nesta terça-feira é a demissão de Letícia Catelani, que é próxima a Eduardo Bolsonaro. A hashtag #SomosTodosLeticia critica a saída dela da Agência de Promoção à Exportação (Apex), entidade do Ministério das Relações Exteriores. Letícia era diretora de Negócios na agência e foi exonerada ontem.
Por meio do Twitter a empresária disse que paga o preço por ter combatido a corrupção na agência. "Combati incansavelmente a corrupção e fechei as torneiras que a alimentavam. Estou pagando o preço. Sofri pressão de dentro do governo pela manutenção de contratos espúrios, além de ameaças e difamações. Não me intimidei! Gratidão pelo apoio e o movimento #somostodosleticia", escreveu.
Publicidade
O novo presidente da agência, o militar Sérgio Segóvia, também destituiu do cargo o diretor Márcio Coimbra (Gestão Corporativa). Tanto Letícia como Coimbra são da "cota" do chanceler Ernesto Araújo, enquanto Segóvia foi indicado pela ala militar. Ele é contra-almirante na Marinha Brasileira e atuou em diferentes áreas do órgão. 
Segóvia, que assumiu o cargo na segunda-feira, 6, é o terceiro presidente da agência no governo Jair Bolsonaro. Desde janeiro, a Apex se tornou um dos principais focos de embate entre "olavistas" - seguidores do escritor Olavo de Carvalho - e militares. Letícia protagonizou disputas com os dois últimos presidentes.
Publicidade
A nota que comunica as exonerações rebate também os comentários de que o novo presidente não teria experiência na área e não fala inglês, duas exigências para assumir o cargo. "Na área de comércio exterior, foi responsável pelos processos de logística e de aquisição internacional, quando encarregado do grupo de recebimento de navio no estrangeiro. É fluente nos idiomas inglês e espanhol", afirmou na nota, em referência a Segovia.
Segundo o Estadão/Broadcast apurou, para permitir as demissões, o estatuto da Apex teve de ser mudado pela segunda vez desde o início do ano. No mês passado, o texto já havia sido alterado por Araújo - a quem a agência é subordinada - para retirar poderes da presidência e permitir que os diretores nomeassem servidores. Agora, Araújo "devolveu" os poderes ao presidente.
Publicidade
Letícia chegou a trabalhar na campanha de Bolsonaro e funcionários da Apex tratavam ela como "indemissível" por uma espécie de "dívida de gratidão". Foi ela quem providenciou um avião para levar o cirurgião Antonio Luiz Macedo a Juiz de Fora após Bolsonaro sofrer uma facada, durante a campanha eleitoral.
Além de Araújo, Letícia é próxima do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente. Procurada ontem, não retornou. Coimbra disse que já havia solicitado a sua demissão.
Publicidade
No mês passado, o embaixador Mário Vilalva foi demitido da presidência da Apex após criticar Araújo publicamente - ele disse, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que o chanceler deu um "golpe" ao mudar o estatuto da Apex sem consultá-lo.
Ainda em janeiro, o primeiro escolhido do presidente para o cargo, Alexandre Carreiro, foi dispensado depois de apenas uma semana no cargo. Nos dois casos, a disputa foi a mesma. Tanto Carreiro quanto Vilalva bateram de frente com Letícia.
Publicidade
*Com Estadão Conteúdo