"Tivemos ontem uma reunião muito proveitosa com o MEC, que foi extremamente sensível diante de todas as dificuldades e nos deu essa grata notícia", disse Kellner, durante evento na Quinta da Boa Vista, onde são celebrados neste fim de semana os 201 anos do Museu Nacional.
De acordo com o diretor, um projeto executivo irá indicar o valor total das obras da fachada. "Ele será feito em etapas. Quando a empresa contratada entregar uma parte, nós já poderemos começar os trabalhos aplicando os recursos da emenda parlamentar impositiva destinada ao Museu Nacional. Precisamos do primeiro repasse dessa emenda que gira em torno de R$ 12 milhões. Queremos o quanto antes porque já temos projetos", acrescentou.
A emenda parlamentar impositiva para as obras de reconstrução, somando R$ 55 milhões, foi assegurada pela bancada de deputados federais do Rio de Janeiro. Esse foi o montante estimado pela diretoria do Museu Nacional para iniciar a primeira fase, que inclui a parte mais histórica, incluindo a fachada, a sala do trono e outros ambientes.
No entanto, houve contingenciamento (bloqueio) de todas as emendas impositivas. No caso do Museu Nacional, os recursos foram reduzidos para R$ 43,1 milhões.
"Minha preocupação maior é que libere o primeiro repasse de R$ 12 milhões para que possamos começar a trabalhar. Depois, discutimos o restante. Nesse momento precisamos é que nos ajudem a começar", disse.
Na semana passada, o MEC divulgou nota informando que aguardava o plano de trabalho para o início das obras a ser apresentado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), responsável pelo Museu Nacional. "O valor disponibilizado só será liberado após a conclusão e aprovação do plano", informou o MEC.
Ajuda internacional
"Temos sérios problemas do dia a dia. Às vezes, não consigo trocar uma lâmpada porque a verba que era destinada a isso vinha da bilheteria que não existe mais. Para suprir parte dessas demandas estamos pedindo doações por meio da campanha SOS Museu Nacional. E também doações aos governos. A Alemanha tem sido uma grande parceira", explicou o diretor do museu.
Apesar de promessas de outros países, até o momento, apenas a Alemanha garantiu aporte financeiro para a recuperação do Museu Nacional.
Prestação de contas
Na ocasião, foram transferidos R$ 16 milhões, dos quais R$ 9 milhões se destinaram a intervenções para estabilização do prédio e montagem da estrutura temporária de telhados e R$ 5 milhões repassados para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que está encarregada da elaboração do projeto executivo das instalações internas e do projeto para as novas exposições.
Os outros R$ 2 milhões tiveram empregos diversos, como a montagem de contêineres.
Resgate
Kellner afirma, porém, que mais da metade das coleções foi perdida, e cita os 12 milhões de exemplares de insetos e materiais etnográficos raros.
Em outubro do ano passado, foi localizado o crânio da Luzia em fragmentos. Trata-se do fóssil mais antigo já encontrado no continente americano, considerado uma das principais relíquias que a instituição guardava. Ele deverá ser restaurado.
Já nesse ano, foi organizada a primeira exposição após o incêndio. Realizada em parceria com o Museu da Casa da Moeda do Brasil, que cedeu seu espaço, a mostra incluiu 160 peças do projeto Paleoantar, dedicado a coletar e estudar rochas e fósseis da Antártica. Entre elas, há oito peças que foram resgatadas dos escombros do edifício queimado.
Sobre uma estimativa de reabertura do Museu Nacional, o diretor afirmou que sua meta é daqui a três anos ter pelo menos uma sala ou uma parte do edifício com exposição disponível ao público.
Em outubro do ano passado, quando anunciou a localização do crânio da Luzia, ele estimou que, para ter um museu de primeira linha, serão necessários R$ 300 milhões.