O ministro da Justiça, Sérgio Moro, e a juíza federal Gabriela Hardt, que sucedeu Moro na 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, já enviaram seus aparelhos. Os inquéritos para apurar os ataques aos dois foram abertos na semana passada.
- 'Agora todo mundo está vendo que não era só discurso', diz Lula sobre Moro
- Mídia internacional destaca suspeitas e pedidos pela renúncia de Moro
- Deputados do PSL pedem inquérito para investigar vazamento de conversas de Moro
- Telegram contraria Moro e Lava Jato e diz que não há evidência de ataque hacker
- Conversa entre Moro e Bolsonaro sobre vazamento foi 'bastante tranquila'
- PF está atrás de quem violou dados do celular de Moro ou de Dallagnol
- Moro se antecipa e marca depoimentos no Congresso para tratar do vazamento de mensagens
- 'Aqui é o hacker', diz mensagem em grupo do Conselho Nacional do Ministério Público
- 'Em Fux nós confiamos', diz Moro a Dallagnol após conversa sobre Teori Zavascki
- Hackers atacam pelo menos mais oito autoridades além de Moro e Dallagnol
- Gilmar Mendes diz que conversa entre Moro e Dallagnol anula condenação de Lula
- Defesa de Lula diz que conversas de Moro demonstram sua suspeição
- 'Se tiver que ir para a guerra, levo Moro e Dallagnol comigo', afirma Mourão
- Após vazamentos, avaliação de Moro cai 10 pontos
O Estado apurou que outros procuradores também não enviaram seus aparelhos de celular para a PF, o que não dificulta o trabalho para identificar o autor dos ataques, uma vez que as informações estão armazenadas na nuvem. Além dos procuradores e juízes, três delegados da PF de São Paulo foram alvo. Um inquérito já foi instaurado.
A assessoria de imprensa do Ministério Público Federal (MPF) afirmou que Dallagnol não irá comentar, já que "se trata de questão de segurança" e o caso é "alvo de inquérito da PF". A assessoria de Moro confirmou o envio do celular e disse que ele ainda não foi devolvido. A reportagem não conseguiu localizar Gabriela Hardt. A PF não comentou.
Preocupação
Desde o mês passado, quando os primeiros ataques foram identificados, a Procuradoria-Geral da República (PGR) emitiu ao menos cinco alertas com instruções de segurança aos procuradores de todo o País.
O primeiro foi feito no dia 8 de maio. Na ocasião, a Secretaria de Tecnologia da Informação e Comunicação (STIC) produziu uma cartilha com medidas a serem adotadas para evitar fraudes, como manter os sistemas operacionais dos celulares sempre atualizados
Cinco dias depois, foi feito um reforço nesse alerta, com orientação específica para que os procuradores habilitassem a verificação em duas etapas nos aplicativos de mensagens, que monitorassem onde as sessões de uso dos aplicativos estavam ativas e que não realizassem backups das conversas.
Na ocasião, a PGR avisou ainda que "ataques são mais comuns do que se imagina" e pediu que os procuradores dessem preferência ao uso do aplicativo eSpace, lançado pela PGR em dezembro do ano passado justamente para aumentar a segurança das comunicações do Ministério Público Federal.
O aplicativo próprio, que pode ser usado em celulares e no desktops dos procuradores, ainda não pegou, diz um procurador ouvido pelo jornal. Além de ser uma ferramenta recente, o uso do Telegram estava popularizado entre os procuradores, já que era considerado mais seguro que o WhatsApp.
Preocupada com novas notícias de invasões a celulares, a PGR emitiu um terceiro alerta no dia 17 de maio. Nele, anunciava que ataques estavam ocorrendo e ampliava o escopo das orientações de segurança.
Uma delas era a de não apagar as contas de WhatsApp e Telegram, já que o hacker poderia recriá-las, ativar a dupla verificação e utilizar a conta em nome da vítima. Se isso ocorresse, não seria possível recuperar a conta.
Quatro dias depois, a PGR emitiu um comunicado, indicando que uma "provável vulnerabilidade" dos aplicativos permitiriam o "sequestro" de mensagens de SMS e o "redirecionamento" de ligações telefônicas. O último alerta foi feito no dia 4 de junho, reiterando todas as recomendações anteriores.
Nesta semana, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, solicitou a unificação da investigação sobre os ataques a integrantes do Ministério Público. A PGR informou que não foi identificado o comprometimento a nenhum sistema, infraestrutura ou ferramentas usadas pelo MPF. Os ataques focaram no sequestro de contas de aplicativos de mensagens. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.