Deltan Dallagnol - Reprodução
Deltan DallagnolReprodução
Por O Dia
São Paulo - Em mais um vazamento de conversas do coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, publicado ontem pelo site ‘Intercept Brasil’, o procurador aparece demonstrando receio de comentar o caso do senador Flavio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro. Flavio passou a ser investigado por conta de movimentações atípicas de dinheiro na conta de seu ex-assessor Fabrício Queiroz. A suspeita surgiu após divulgação de dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) de que Queiroz havia movimentado R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.

Na época em que estourou o escândalo, o então juiz Sergio Moro já havia sido indicado para o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro. Segundo o site, em chats com membros da Lava Jato, em dezembro de 2018, Dallagnol mostra preocupação com o processo. Além disso, também cita a possibilidade de o caso prejudicar a indicação de Moro a uma vaga no Supremo Tribunal Federal.

"Moro deve aguardar a apuração e ver quem será implicado. Filho (Flavio) certamente. O problema é: o pai vai deixar? Ou pior, e se o pai estiver implicado, o que pode indicar o rolo dos empréstimos? Seja como for, presidente não vai afastar o filho. E se isso tudo acontecer antes de aparecer vaga no supremo?”, escreveu.

Em resposta, o procurador Roberson Pozzobon diz: “Acho que Moro já devia contar com a possibilidade de que algo do gênero acontecesse. A questão é quanto ele estará disposto a ficar no cargo com isso ou se mais disso vir (SIC)”. Com Pozzobon, Dallagnol também se mostra preocupado sobre como deveria se pronunciar a respeito de foro privilegiado, sem que isso resvalasse no caso Flávio e afetasse a imagem da Lava Jato: “Não podemos ficar quietos, mas é neste momento um pouco como com RD (Raquel Dodge, procuradora-geral da República). Vamos depender dele pra reformas… Não sei se vale bater mais forte”, diz Dallagnol.

Hasselmann denuncia invasão

A líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), postou um vídeo nas redes sociais denunciando que seu celular teria sido clonado na madrugada de deste domingo. Segundo a parlamentar, ela teria recebido ligações do próprio número, fazendo referência ao ocorrido
quando os celulares do ministro Sérgio Moro e de procuradores da Lava Jato foram invadidos por hackers.

Hasselmann afirma, no vídeo, que “há bandidos farsantes encaminhando mensagens em meu nome através do Telegram, que não uso desde a época da campanha (eleitoral)”. Ela diz que se deu conta da invasão quando o jornalista de O Globo Lauro Jardim ligou para ela na madrugada de ontem, dizendo estar retornando mensagens enviadas pela deputada.

“Acontece que eu não uso o Telegram, não uso o Telegram para fazer ligações, e tem até uma ligação internacional, aqui, que não faço ideia de onde seja, e algumas ligações para mim mesma, como se isso fosse possível”, disse no vídeo, afirmando que já estava encaminhando o caso às autoridades e que já havia comunicado o fato ao ministro Moro e ao presidente Jair Bolsonaro.