Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles - Marcelo Camargo / Agência Brasil
Ministro do Meio Ambiente, Ricardo SallesMarcelo Camargo / Agência Brasil
Por ESTADÃO CONTEÚDO
São Paulo - O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Ricardo Galvão voltaram a trocar acusações durante debate sobre o desmatamento no País. Salles afirmou que a divulgação dos dados tem sido "manipulada" para gerar "sensacionalismos". Já Galvão, demitido do cargo no início do mês, disse que "nós (do Inpe) usamos as publicações científicas, não a balela que vocês usam, coisa de Twitter". Os dois participaram de programa exibido na noite de sábado pela Globonews, que abordou temas como a preservação ambiental, agronegócio e a repercussão da própria saída de Galvão.

"O que nós usamos são publicações científicas, ministro. Não balela como vocês usam. Não coisa de jornalzinho e Twitter. Eu admiro quem usa Twitter, mas eu não uso. Uma coisa que qualquer dirigente de um país precisa entender é que quando se trata de questões científicas, não existe autoridade acima da soberania da Ciência. Nem militar, nem política e nem religiosa", disse o ex-diretor do Inpe.


A crise no instituto começou em junho, depois da divulgação de dados do Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real) mostrando aumento do desmate na região da Amazônia. O presidente Jair Bolsonaro chegou a afirmar que Galvão estava "a serviço de alguma ONG". Ao determinar sua demissão, disse que "não havia mais clima" para a permanência do diretor no cargo - que passou a ser ocupado pelo militar Darcton Policarpo Damião.

Durante o programa, depois de dizer que o desmatamento no País vem crescendo desde 2012, Salles reclamou de "sensacionalismo" em torno da forma de divulgação. "Eu não tenho dito que os dados estão sendo manipulados. O que está sendo manipulada é a forma de se apresentar os números e o sensacionalismo criado em torno desta forma. Por que digo isso? Porque está dito textualmente no site do Inpe que o Deter não serve para medir desmatamento. Portanto, se você não pode medir, você não pode comparar", disse Salles.

Segundo o ministro, o Deter tem uma série de questões a serem consideradas. Por exemplo, citou ele, o sistema não vai direto ao mesmo lugar novamente, a recorrência das imagens não é a mesma e o lapso temporal de comparação também não é o mesmo.