"Passei a enxergar uma cidade que a gente olha, mas não vê. Queria ser um caminho para mostrar o valor do que um gari faz", conta.
Diniz passou a fotografar os jardins que os trabalhadores de limpeza cuidam. Mas ele próprio acabou notado e foi remanejado para a assessoria de imprensa da companhia. Quando foi buscar cursos de fotografia, sentiu vontade também de escrever.
Mulheres garis
Após se matricular em Jornalismo na Faculdade Sul-Americana (Fasam), ele se viu seduzido pela necessidade de um olhar positivo sobre as garis. "Elas se organizam, têm casa, ajudam a comprar o carro da família, cuidam dos filhos e netos, das plantas e das praças e se orgulham disso", afirma Diniz. "Saem cantando pela rua, mesmo quando alguém nega um copo de água limpa."
Intitulada "Sou Mulher, Sou Gari", a pesquisa busca retratar a alma feminina, saber o que ela representa para sua família e para a sociedade em geral e mostra como as trabalhadoras sobrevivem com o salário que ganham.
"Ao passar por uma gari, poucos sabem que elas são vaidosas e também estão cheias de sonhos e realizações pessoais com uma história de alegria e muitas conquistas", afirma.
Diniz espera que o TCC mostre para a sociedade não só a importância do trabalho das garis, mas também que possa levar à reflexão quanto aos hábitos de discriminação e preconceito para desmantelar o machismo.
"Meu trabalho mostra um lado pouco conhecido dessas profissionais, contado por elas mesmas. Também como elas encaram esse trabalho com muita naturalidade, suas vaidades por trás do uniforme e a independência financeira que conseguiram ao longo da caminhada", afirma o gari e jornalista.
Para o TCC, Diniz ouviu e fotografou 30 depoimentos de garis de Goiânia. As mulheres somam quase 2,7% do total dos trabalhadores de limpeza urbana da Comurg. Segundo a prefeitura, essas funcionárias percorrem em média 3,6 quilômetros lineares por dia, com jornada de 44 horas semanais, empurrando um carrinho com capacidade para 150 litros e que pesa 22 quilos quando está vazio.