Publicado 19/08/2019 20:58 | Atualizado 20/08/2019 11:16
Sem medo mais de retaliação, funcionários e ex-colaboradores de um parque de diversões têm procurado os sindicatos da categoria para prestar queixa contra José David Breviglieri Xavier, presidente afastado do local.
Veja abaixo o vídeo dos insultos de José David contra funcionário
A voz que se escuta no vídeo é de José David insultando um funcionário do parque.
Segundo relatos, o ex-executivo era truculento e praticava assédio moral contra os habitaris, como são chamados os funcionários. A prática, que deve virar crime com pena de 1 a 2 anos de detenção (depende de aprovação no Senado), é a exposição de alguém às situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções.
O Sindiversão (Sindicato dos Empregados e Trabalhadores nas Empresas de Entretenimento, Casas de Diversões e Similares dos Municípios de Jundiaí e Região) e o Sated (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões do Estado de São Paulo) já ouviram depoimentos estarrecedores sobre a postura desrespeitosa e hostil de José David.
J.Y., que prefere ter sua identidade preservada, chegou a levar um soco no estômago de José David em 2018. Motivo: não ter comparecido no horário combinado para uma captação de imagens durante o evento Hora do Horror. Transtornado, o presidente afastado disparou ofensas contra o ex-colaborador, na presença de visitantes do parque, e depois o agrediu fisicamente. J.Y. tem áudio dos xingamentos de David.
Humilhação semelhante sofreu uma ex-nutricionista do parque. A colaboradora constatou que garrafas de suco de laranja estavam mofadas. Ela entrou em contato com o fornecedor e solicitou a troca o lote de bebidas. José David não gostou do procedimento da funcionária, pelo fato da empresa ser apoiadora do parque, e a destratou em público dentro da administração. Aos prantos, a nutricionista pediu demissão. O ex-dirigente, que havia entendido que a colaboradora havia exagerado na substituição do lote, constatou depois que ela tinha razão. Foram recolhidas 35 garrafas com o produto deteriorado.
O destempero de José David não era apenas dirigido a funcionários menos graduados. Até mesmo gerentes eram constrangidos. Um gestor, por exemplo, se demitiu após ter sido chamado de “viadinho”. Um outro gerente, F.T., também pediu para sair depois de ser xingado de “bosta”. Um fornecedor chegou a ter seus equipamentos de áudio retidos pelo então presidente por conta de um problema de som provocado pelos próprios funcionários do parque. Certa vez, uma visitante, que agrediu uma operadora da Roda-Gigante, foi conduzida à força até a administração e ameaçada na administração pelos seguranças de Xavier.
A agressividade de José David não era novidade para o Sindiversão. Os sindicalistas do órgão de classe eram proibidos de entrar no parque para falar com os trabalhadores na sua gestão. Em uma ocasião, um representante sindical teve de pagar ingresso para acessar às dependências do Hopi Hari, a fim de conversar com os funcionários. Ao ser descoberto por seguranças, foi “convidado” a se retirar e escoltado até a saída com truculência. Os sindicalistas do Sindiversão só voltaram a pisar no local após o afastamento de José David.
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