Jair Bolsonaro -  Carolina Antunes/PR
Jair Bolsonaro Carolina Antunes/PR
Por ESTADÃO CONTEÚDO
São Paulo - O 3º Simpósio Conservador de Ribeirão Preto - realizado neste fim de semana no auditório do Hotel JP, um dos mais tradicionais da cidade do interior paulista - reúne centenas de pessoas, entre políticos, magistrados, empresários e escritores conservadores. O evento defende a difusão do conservadorismo por meio da arte e produção de conhecimento, o apoio ao governo Bolsonaro e a implementação de agenda alinhada com esses valores nas eleições municipais de 2020.

Na manhã desse sábado, 5, o público foi surpreendido com uma transmissão ao vivo de 20 minutos do presidente Jair Bolsonaro que não havia sido previamente anunciada. Ao longo do sábado e do domingo, seis deputados federais do PSL participarão do evento.
A mediação entre a organização e Bolsonaro foi feita pela deputada Kicis. Falando para o público conservador, o presidente citou pautas do seu governo e enfatizou aspectos de temas de comportamento. "Nós não podemos perder a guerra da informação. Deixamos tudo isso muito à vontade no passado e estamos preparando mudança na questão da cultura, da Funarte, da Ancine", disse.

Entre as mesas do sábado, o fundador do movimento Escola Sem Partido Miguel Nagib liderou o debate "Desconstruindo Paulo Freire, a doutrinação ideológica no ensino, ideologia de gênero e soluções para a educação brasileira". O descendente da antiga família real brasileira e deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP) participou do "Painel Monarquia" , em que foram abordados "aspectos culturais do Brasil no Império" com liberalismo econômico.

Após a fala do presidente, a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), disse que a Câmara não está pronta para debater a agenda conservadora de Bolsonaro. As deputadas federais Bia Kicis (PSL-DF) e Carla Zambelli (PSL-SP) mantiveram o tom ao afirmar que certos temas não podem ser discutidos enquanto Rodrigo Maia (DEM-RJ) for presidente da Câmara.

Segundo um dos seus organizadores, o maestro Camilo Calandreli, o evento foi a consolidação de um movimento conservador no interior de São Paulo que começou em 2015, nas manifestações pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.

O grupo que coordena o evento, Brasil Limpo, não se identifica como movimento político, reunindo participantes de diversos grupos liberais e conservadores como o MBL, NasRuas e Vem Pra Rua.

"O Brasil Limpo se define como um grupo de ação para a luta contra a corrupção e defesa da soberania brasileira", diz a descrição da página criada neste ano. Segundo Camilo, os custos da organização do evento foram apenas os "operacionais", como hospedagem e serviços de manutenção do espaço. "Há um movimento de empresários de Ribeirão que doam para os nossos simpósios, mas a maior parte foi custeada pela própria organização."

O presidente ainda rebateu as críticas que recebeu por causa dos vetos à Lei de Abuso de Autoridade, medida contestada por seus seguidores nas redes sociais.

Neste domingo, são esperados o deputado estadual paulista Arthur Moledo do Val (DEM) e Henrique Viana, fundador do estúdio revisionista Brasil Paralelo. O evento foi gratuito e transmitido na íntegra nas redes sociais do Brasil Limpo.

Nos próximos 11 e 12, o Brasil receberá pela primeira vez a Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), franquia internacional de discussão de conservadorismo, que deve contar com a participação do presidente. Nos Estados Unidos, os ingressos mais caros passam de R$ 20 mil. Donald Trump já era presença constante antes de ser eleito presidente.