Presidente Jair Bolsonaro em live - Reprodução
Presidente Jair Bolsonaro em liveReprodução
Por O Dia
O presidente Jair Bolsonaro atacou a imprensa e disse que a jornalista do jornal Estado de São Paulo Vera Magalhães mentiu. Ela revelou que o presidente disparou para seus contatos de WhatsApp um vídeo de convocação para um ato em sua defesa e contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Em entrevista na porta do Palácio da Alvorada, Bolsonaro disse que Vera "mentiu" e alegou que compartilhou um vídeo de 2015. Depois, numa transmissão ao vivo, ele voltou a atacá-la.
Bolsonaro alegou, durante a live de quinta-feira, que o vídeo divulgado seria de 2015, mas a peça cita o atentado sofrido por ele em 2018 e a posse presidencial em 2019.
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" Há três dias eu tô apanhando da mídia, Jornal Nacional, Folha, Estado, Globo, eu acho que praticamente quase toda a mídia brasileira: 'Eu disparei trilhões de zap pedindo aí o apoio de todos à manifestação de 15 de março'. O que eu mandei para poucas dezenas de pessoas do meu ciclo de amizade, eu mando sem filtro. São ministros, algumas personalidades, talvez não passe de 50, 60, tá certo? E a Vera Magalhães teria recebido um vídeo eu pedindo, sim, o apoio para a manifestação de 15 de março de 2015", disse o presidente.
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Na terça-feira, o BR Político revelou que Bolsonaro compartilhou dois vídeos convocando para os protestos. Neles, há imagens do ataque a facada sofrido por Bolsonaro, em setembro de 2018, e de sua internação para tratar do ferimento. O site publicou também o print da tela do celular que mostra o presidente como responsável por compartilhar as mensagens. Na quarta-feira, Bolsonaro afirmou que envia mensagens de "cunho pessoal" a amigos pelo WhatsApp.

Para tentar convencer que o vídeo era de 2015, o presidente citou que estaria mais jovem nas imagens.
A reportagem do Estado de São Paulo apontou que o presidente enviou o vídeo com a mensagem "O Brasil é nosso, não dos políticos de sempre".
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O presidente acrescentou que a jornalista só publicou um print do vídeo. Na verdade, ela publicou a gravação.

Bolsonaro também atacou o jornalista da Época Guilherme Amado, que publicou a nota "mesas de café da manhã de Jair Bolsonaro na eleição eram fakes", para passar a impressão de que Bolsonaro é uma pessoa simples.
Presidente também disse que vai se reunir com empresários de São Paulo no mês que vem e pedir que não anunciem em jornais e revistas que o desagradam.
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Ao jornal O Estado de S. Paulo, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, afirmou, na quarta, que Bolsonaro repassou a peça porque ela faz a defesa do presidente. O ex-deputado Alberto Fraga (DEM-DF), amigo de Bolsonaro, também confirmou ter recebido um outro vídeo, com mesmo teor, do telefone pessoal do presidente.

A divulgação do vídeo tem sido tratada como um endosso, por parte de Bolsonaro, às manifestações. Ela gerou reações no mundo político e jurídico. Já a reportagem do BR Político provocou uma onda de ofensas a Vera por parte de apoiadores do presidente nas redes sociais. A hashstag #VeraFakeNews chegou a ficar nos trending topics.

Na quinta à noite, em sua conta no Twitter, Vera contestou a versão de Bolsonaro de que o vídeo seria de 2015, citando as imagens gravadas na campanha presidencial e depois da posse. "O senhor foi aconselhado a fazer essa live nesses termos? Acho perigoso a um presidente mentir em rede nacional. Acrescenta mais uma à sua lista de condutas impróprias", escreveu a jornalista.

A Diretoria de Jornalismo do Grupo Estado lamentou as declarações do presidente: "O Estado de S. Paulo lamenta que o Presidente da República ataque a jornalista Vera Magalhães acusando-a de mentir por ter revelado que ele divulgou via WhatsApp dois vídeos conclamando a participação nas manifestações. Ao agir assim, ignorando os fatos, endossa conteúdos falsos vinculados ao tema que circulam nas redes sociais, algumas com ameaças veladas, direcionadas à Vera Magalhães."

Pouco depois de falar na porta do Alvorada, Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo pelo Facebook em que repetiu a versão de que o vídeo seria apoio a manifestações em 2015. Ele disse que mandou a mensagem a 50, 60 pessoas, "ministros, algumas personalidades".
* Com Estadão Conteúdo