Onyx Lorenzoni já declarou que isolamento social era "insanidade"Valter Campanato / Agência Brasil
Por ESTADÃO CONTEÚDO
Publicado 05/02/2020 08:42 | Atualizado 05/02/2020 08:42
Brasília - Em uma tentativa de diminuir a pressão que vem sofrendo no governo Bolsonaro, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, demitiu nesta terça-feira mais dois auxiliares. Até o fim da semana, ele pretende fazer uma reestruturação da pasta e novas mudanças devem ser anunciadas hoje.

Foram desligados o secretário especial de Relações Governamentais, Giácomo Trento, e o ex-senador Paulo Bauer (PSDB-SC), assessor especial da Secretaria de Relacionamento Externo da Casa Civil. É a quarta baixa no ministério em uma semana.

Em nota, Bauer afirmou que sua saída foi a pedido porque o trabalho em Brasília limitava a convivência familiar e as atividades políticas em Joinville (SC), onde avalia se candidatar à prefeitura, na eleição de outubro. Um dos principais assessores de Onyx, Trento não respondeu ao contato da reportagem.

Na semana passada, o secretário executivo da Casa Civil, Vicenti Santini, foi demitido após usar o voo da Força Aérea Brasileira (FAB) para uma viagem ao Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, e, depois, para Nova Délhi, na Índia.

Após ser dispensado, Santini acabou ganhando novo cargo. Com a repercussão negativa nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro determinou o desligamento do secretário. Foi exonerado, ainda, o assessor de Comunicação de Onyx, Gustavo Chaves Lopes.

As demissões ocorrem depois que a Casa Civil perdeu força com a decisão de Bolsonaro de reduzir as atribuições da pasta. O Programa de Parceria de Investimento (PPI) foi transferido para o Ministério da Economia. Anteontem, na cerimônia de abertura do ano legislativo, Bolsonaro determinou que Onyx levasse a mensagem presidencial ao Congresso. O chefe da Casa Civil chegou acompanhado do ministro da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira, considerado hoje o nome mais forte no Palácio do Planalto.

FAB

A Comissão de Relações Exteriores do Senado pretende votar amanhã um projeto para endurecer as regras sobre uso de aviões da FAB por autoridades. A proposta foi incluída na pauta após a demissão de Santini e aumenta as exigências de divulgação das informações dos voos.

Na prática, o projeto atinge até mesmo o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que costuma usar voos da FAB para retornar ao Amapá, seu reduto eleitoral, nos fins de semana. Após a sessão de abertura do ano legislativo, por exemplo, Alcolumbre viajou para Macapá. Ali, o irmão dele, Josiel Alcolumbre, se movimenta para ser candidato a prefeito. Com a viagem, o Senado não realizou ontem sessão deliberativa no plenário.

"Há muitos anos participo das celebrações de aniversário da capital do meu Estado, Macapá. Faço questão porque valorizo demais o sentimento de pertencimento que devemos carregar, o orgulho do lugar da gente e (para) celebrar todos os avanços que estamos conquistando", escreveu Alcolumbre nas redes sociais.

O projeto que deve ser votado pela Comissão de Relações Exteriores determina que autoridades usem aviões da FAB apenas para viagens a serviço e, "excepcionalmente", por motivo de segurança e emergência médica. Atualmente, presidentes de Poderes e comandantes das Forças podem usar os aviões para viajar ao local de residência. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.