Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus - COFFRINI/AFP
Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom GhebreyesusCOFFRINI/AFP
Por Waleska Borges
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou ontem a pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2). De acordo com a OMS, o número de pacientes infectados, de mortes e de países atingidos deve aumentar nos próximos dias e semanas. O termo pandemia se refere ao momento em que uma doença já está espalhada por diversos continentes, com transmissão sustentada entre as pessoas.
Apesar da declaração, os diretores da OMS destacaram que os governos devem manter o foco na contenção da circulação do vírus. Conforme a organização, nas últimas duas semanas, o número de casos fora da China aumentou 13 vezes e a quantidade de países afetados triplicou. Até o momento, são mais de 118 mil casos ao redor do mundo e 4.292 mortes.

"A descrição da situação como uma pandemia não altera a avaliação da OMS da ameaça representada por esse vírus. Isso não muda o que a OMS está fazendo nem o que os países devem fazer" declarou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.

No Brasil, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que nada muda com a declaração de pandemia. Segundo ele, os pacientes com sintomas que chegarem de outros continentes serão considerados "casos suspeitos".

Segundo Mandetta, serão investigados como possíveis suspeitos pessoas que voltarem de viagem ao exterior e apresentarem febre e mais um sintoma (dificuldade respiratória, dor no corpo e/ou tosse). "Nós já temos casos confirmados dentro do país, temos transmissão local, não temos ainda transmissão sustentada - que pode ser a próxima etapa. E a cada etapa temos medidas adicionais que vão sendo decretadas", acrescentou o ministro.

O Ministério da Saúde divulgou ontem novo boletim sobre pacientes infectados pelo coronavírus. Em todo país, são 907 casos suspeitos, 52 confirmados (eram 34 na terça-feira) e 935 descartados. No Brasil, o Sudeste está na liderança dos casos suspeitos: 498, com 45 confirmados.

O balanço aponta que São Paulo é o estado com mais casos confirmados: 30 pacientes. Em seguida aparecem Rio de Janeiro (13), Bahia (2), Rio Grande do Sul (2), Distrito Federal (2), Alagoas (1), Minas Gerais (1) e Espírito Santo (1).

Ontem, ao responder sobre o que deveria ser feito a partir da declaração de pandemia, o presidente Jair Bolsonaro disse: "Eu não acho... eu não sou médico. Eu não sou infectologista. O que eu ouvi até o momento, outras gripes mataram mais do que essa".

O chefe da Secretaria Especial de Comunicação (Secom), Fabio Wajngarten, está com suspeita de coronavírus. Ele fazia parte da comitiva que viajou com Bolsonaro a Miami, nos Estados Unidos, para se encontrar com o presidente Donald Trump na última semana. As informações são da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

Congresso terá restrição de pessoas
Devido ao coronavírus, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), anunciaram medidas para restrição das pessoas que devem circular pelo Congresso a partir da próxima semana. O anúncio ocorreu durante um debate na Câmara com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Na ocasião, foram discutidas ações de prevenção e controle do vírus.
"Aqui circulam muitas pessoas de todas as regiões. É importante que a Câmara possa restringir o acesso, reduzir o número de audiências e a presença dos plenários a poucos assessores, quase que exclusivamente aos próprios parlamentares", explicou Maia.
De acordo com a assessoria do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que também preside o Congresso, ele vai assinar um ato com medidas de prevenção ao coronavírus. Entre elas, estão restrição de visitação pública, suspensão de sessões especiais na Câmara e no Senado, além das viagens de parlamentares e servidores em missões oficiais no exterior.
Ontem, deputados da Comissão Externa do Coronavírus aprovaram, por unanimidade, solicitação para que o Ministério da Saúde proíba as exportações de materiais que fazem parte dos kits de EPI's (Equipamentos de Proteção Individual), como máscaras e álcool gel. Eles também querem o tabelamento dos preços dos equipamentos, produtos básicos e insumos utilizados no tratamento do Covid-19.
A TV Globo também poderá suspender a plateia em seus programas, como prevenção: "Estamos avaliando o modelo e a própria participação de plateia e de figuração em nossos programas", informou a emissora.