Sem a imprensa, o presidente continuou a conversar com apoiadores - Reprodução/ Facebook
Sem a imprensa, o presidente continuou a conversar com apoiadoresReprodução/ Facebook
Por ESTADÃO CONTEÚDO
Jornalistas que fazem a cobertura diária do Palácio da Alvorada se retiraram de entrevista concedida pelo presidente Jair Bolsonaro na manhã desta terça-feira após ele estimular apoiadores a hostilizarem os repórteres que estavam no local.

O presidente havia sido questionado sobre declarações do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que tem defendido o isolamento social para evitar a propagação do coronavírus no país, na contramão do que tem dito o próprio Bolsonaro.
Confira a partir dos 9 minutos do vídeo: 
Publicidade


"Eu não sei o que ele falou. Eu parto do princípio que eu tenho que ver, não só ler o que está escrito", começou a responder Bolsonaro. Um apoiador, porém, o interrompeu e passou a hostilizar os jornalistas, com xingamentos. Instado a continuar a responder, o presidente afirmou que quem responderia seria o apoiador, que se identificou como "professor opressor".

"É ele que vai falar", disse. Neste momento, os repórteres que estavam no local, uma área cercada na entrada da residência oficial, se retiraram do local.
A atitude surpreendeu Bolsonaro, que questionou: "Vai embora? Vai abandonar o povo? A imprensa que não gosta do povo", disse o presidente.
Publicidade

Galeria de Fotos

Presidente cumprimenta populares e fala à imprensa no Palácio da Alvorada nesta segunda-feira Reprodução/ Facebook
Jair Bolsonaro quer que pessoas fora do grupo de risco vão ao trabalho e às escolas Marcos Corrêa/PR
Jair Bolsonaro Carolina Antunes/PR
Presidente da República, Jair Bolsonaro. Marcos Corrêa/PR
Presidente da República Jair Bolsonaro Marcos Corrêa/PR
Jair Bolsonaro ganhou 'festinha' com bolo no seu aniversário de 65 anos Reprodução vídeo | Instagram
Presidente Jair Bolsonaro Isac Nóbrega/PR
Presidente da República, Jair Bolsonaro e ministro da Saúde, Henrique Mandetta Isac Nóbrega/PR
Presidente da República, Jair Bolsonaro Isac Nóbrega/PR
Coletiva de imprensa de Jair Bolsonaro Carolina Antunes
Orientado a ficar em isolamento, Bolsonaro cumprimenta apoiadores em Brasília AFP
Orientado a ficar isolado, Bolsonaro cumprimenta simpatizantes AFP


Sem a imprensa, o presidente continuou a conversar com apoiadores, destacando uma declaração do diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, sobre a necessidade de se preservar empregos durante a crise do coronavírus. Na fala, o diretor do órgão internacional cita que, em alguns países, medidas de isolamento e restrições de circulação podem custar a sobrevivência de pessoas mais pobres pelo impacto na economia.

O presidente levou o discurso de Ghebreyesus anotado em folhas de sulfite para consultar durante a conversa com jornalistas e apoiadores.

Desde a semana passada, quando fez um pronunciamento em rede nacional de TV e rádio, Bolsonaro tem criticado medidas adotadas por governadores e prefeitos, como fechamento do comércio e de escolas. O argumento do presidente é de que, com isso, muitas pessoas que trabalham na informalidade perderão seu emprego e sua renda.

O isolamento da população, no entanto, é uma recomendação de especialistas e da própria OMS como forma mais eficaz de se evitar a propagação da covid-19, que já matou mais de 38 mil pessoas no mundo - 159 só no Brasil até esta segunda-feira (30).