Crianças podem sofrer com a quarentena - shutterstock
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Por IG - Delas

São Paulo - Durante esse período de isolamento social, as crianças têm sentido muito os efeitos. Privadas de ir à escola, ver os amigos e sair para brincar, algumas não conseguem assimilar a gravidade da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) e ficam ansiosas.

De acordo com a pediatra Flávia Schaidhauer, as que mais sofrem com a quarentena são as crianças acima de 4 anos. "Quanto mais velha for a criança, mais ela sofre, assim como os adultos, devido à incerteza do futuro, além da sensação de prisão domiciliar", diz. Nesses casos, os pais precisam conversar com os filhos para acalmá-los.

"Sentar com as crianças e explicar de forma simples e positiva a situação que o mundo esta vivendo é a melhor solução, assim como explicar que os avôs, tios e outros familiares estão longe, pois todos precisam se cuidar", avalia a profissional.

E para entender como crianças de diversas idades têm reagido ao tempo em casa, o Delas conversou com algumas mães sobre como os pequenos estão enfrentando o distanciamento social e o que eles pensam sobre a Covid-19.

Os desafios de ser filha única

Larissa tem comido mais e ficado mais tempo ociosa durante a quarentenaArquivo pessoal

Certamente é muito mais fácil explicar o atual momento para crianças maiores. Priscila Dias é mãe de Larissa, de 9 anos, que é filha única e tem passado os dias um pouco ociosa em casa.

"Ela gosta de fazer brincadeiras. Tentamos brincar mais no período da noite, porque de manhã estou ocupada com as tarefas domésticas. Como ela está no recesso escolar, está sem atividades para fazer, então tem passado muito tempo ociosa", explica a mãe.

Em relação à Covid-19, Larissa sabe que é vírus e que para se proteger precisa ficar em casa. Deixando os maiores desafios para a mãe, a hora de estudar e de comer. Segundo Priscila, a filha tem comido muito mais enquanto está em casa. 

Casa pequena e dois filhos para acalmar

Maria Luiza e Eduardo são filhos de Vanessa e estão dividindo a quarentena com muita criatividadeArquivo pessoal

E se é difícil cuidar de uma criança, imagina de duas? A casa de Vanessa Monticelli está agitada nesses dias de quarentena. Mãe de Maria Luíza, de 10 meses, e Eduardo, de 12 anos, a família tem se virado como pode para entreter a dupla em apenas dois cômodos.

Mesmo sem entender, a bebê é quem tem dado mais trabalho. “A Maria Luíza é uma criança bem agitada e gosta da bagunça. Não curte muito colo, quer ficar no chão. Para distrair procuro colocar desenhos e vídeos de músicas. Ela está irritada porque não temos espaço suficiente pra ela brincar”, explica a mãe.

Já Eduardo, que é apaixonado por jogar futebol, entende a pandemia. “Ele é uma criança bem agitada também. Como mãe sinto um pouco de carência da parte dele, alguém da mesma idade pra brincar ou até mesmo para conversar. Ele sabe que não pode sair e se preocupa muito conosco, principalmente com a irmã. Há uns 15 dias a Maria ficou doente e me surpreendeu os cuidados e a preocupação com ela”, explica Vanessa.

Para se divertir, Eduardo tem improvisado o “chiqueirinho” da irmã como gol e faz bolas com meias do pai e da mãe, além de assistir televisão e jogar video-game.

E quando os dois filhos são (quase) da mesma idade?

Em situação parecida com a família Monticelli está a casa de Aline Amorim, analista fiscal. Mãe de João Lucas, de 3 anos, e Millena, de 2, ela conta ao Delas que no início da quarentena foi difícil os filhos entenderem que precisavam ficar em casa.

“Agora eles estão mais adaptados. No começo pediam para sair de casa, queriam ir ao shopping, em parques. Mas expliquei de forma lúdica sobre o coronavírus. Falei que havia muitos bichinhos lá fora, e como nós não conseguíamos ver, tínhamos que ficar em casa até os médicos pegarem todos eles. Só o papai que podia sair, porque ia comprar comida. Agora eles não pedem mais para sair, quando escutam que alguém vai sair, contam a história dos bichinhos”, diz.

O comportamento deles também mudou. Os dois estão mais grudados na mãe e tem sido uma tarefa difícil entretê-los. “Moramos em um apartamento pequeno de 57 m², então tenho que usar a imaginação. Fazemos pintura, brincadeiras com massinhas, pega-pega, esconde-esconde, cantamos, assistimos desenhos e filmes, já até fizemos pizza e pastel. E tem hora que tem que deixar sem fazer nada também. Eles mesmos dão um jeito de lidar com o tédio”, conta Aline.

Apesar da correria e do trabalho redobrado em casa, ela tem um conselho para as mães que estão enfrentando a quarentena. “Crianças são inocentes, se adaptam muito melhor, eles só precisam de carinho. Somos responsáveis por fazer que seja leve para eles, temos que passar por isso, não temos como evitar, mas podemos escolher como queremos passar”, finaliza.

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