O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro - Marcello Casal JrAgência Brasil
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio MoroMarcello Casal JrAgência Brasil
Por ESTADÃO CONTEÚDO
Rio - Autoridades de todo o país comentaram a saída do ex-juiz Sergio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública, nesta sexta-feira.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), iniciou a coletiva diária do governo estadual que trata das atualizações sobre a pandemia do novo coronavírus lamentando o pedido de demissão do agora ex-ministro. Segundo Doria, a saída de Moro representa um "golpe na justiça, liberdade e democracia do Brasil".

Ele agradeceu Moro pela relação "republicana" com as autoridades da Justiça e Segurança Pública de São Paulo e afirmou que o ex-ministro "cumpriu seu papel brilhantemente" enquanto esteve na pasta.
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, disse nesta sexta-feira que a demissão de Moro do Ministério da Justiça representa o arrefecimento do esforço de transformação do Brasil. A afirmação de Barroso foi feita durante uma transmissão ao vivo organizada pela XP Investimentos que transcorria ao mesmo tempo em que o agora ex-ministro Sergio Moro fazia seu pronunciamento de desligamento da pasta.

"Sergio Moro representou a face da Operação Lava Jato, que transcendeu o fato de ser uma operação policial e judicial e passou a ser um símbolo", disse Barroso. 
O coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, afirma ser "gravíssima a denúncia de tentativa de escolha" pelo presidente Jair Bolsonaro "de dirigentes da Polícia para interferir em investigações e ter acesso a informações sigilosas". "O combate à corrupção exige investigações técnicas, que possam ser conduzidas sem pressões externas".

"A escolha de dirigentes da PF deve ser voltada para fortalecer o combate à corrupção, ao crime organizado e a outros crimes. A seleção guiada por interesses pessoais e político-partidários coloca em risco o combate à corrupção no Brasil", afirma Deltan.
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Bolsonaristas do Congresso Nacional também lamentaram a saída de Sérgio Moro do governo e cobraram explicações do presidente Jair Bolsonaro sobre as acusações levantadas pelo ex-juiz da Lava Jato. Tristeza, surpresa e até choro foram as reações da ala bolsonarista após o anúncio de Moro.
Uma das principais defensoras do ex-juiz da Lava Jato na Câmara, a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) disse ao Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) manter seu apoio ao presidente Jair Bolsonaro. "Apesar de estar muito triste com a saída de Moro mantenho meu apoio irrestrito ao presidente Jair Bolsonaro", afirmou. A deputada Alê Silva (PSL-SP) relatou tristeza do Twitter e postou emojis com cara de choro. "Comungo com vocês da mesma tristeza."

O senador Arolde de Oliveira (PSD-RJ), aliado de Bolsonaro e integrante da bancada evangélica, relatou estar em choque com a demissão de Moro e cobrou explicações do presidente da República "Ele (Moro) fez referências que, se comprovadas, deixam o governo em uma situação que vai ter que se explicar. Vamos ter uma opinião depois que o presidente Bolsonaro der a entrevista, mas o choque existe, sim. A perna do discurso que fizemos na campanha é combate à corrupção."

Governistas da articulação política entraram em campo para tentar amenizar a crise. "Não podemos transformar isso em o que alguns estão querendo. Começou um alvoroço pedindo impeachment do presidente", disse o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), vice-líder do governo no Senado, ao Broadcast Político.

"Em alguns momentos, o presidente não contém ímpetos que poderiam ser evitados, como palavras e manifestações. Mas, além disso, é um absurdo já começar as vivandeiras da oposição de querer afastar", insistiu Rodrigues. Na avaliação dele, as coisas vão se acomodar nos próximos dias. "Felizmente foi em uma sexta-feira. Se não, o vulcão ia arder durante a semana toda."

Outros governistas, porém, preferiram esperar o pronunciamento de Bolsonaro. "Sobre os últimos acontecimentos na política nacional, só vou me pronunciar após a fala do presidente da República", declarou o líder do PSDB no Senado, Roberto Rocha (MA).