Presidente Jair Bolsonaro - Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Presidente Jair BolsonaroMarcello Casal Jr/Agência Brasil
Por ESTADÃO CONTEÚDO
São Paulo - O advogado Frederick Wassef, que presta assistência profissional ao presidente Jair Bolsonaro e ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), afirmou há pouco que é "mentira" que houve "ingerência política" na Polícia Federal (PF), como acusou o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro, ao anunciar a demissão do cargo na sexta-feira. Segundo Wassef, Bolsonaro quis exercer o ato legal de nomear o diretor. "Isso não é ingerência política. Estamos mudando os nomes das coisas", acentuou, em entrevista ao canal de notícias CNN Brasil.

Wassef afirmou que causou estranheza o pedido de demissão de Moro. De acordo com o advogado, o "correto" teria sido o então ministro da Justiça e Segurança Pública "convocar" Bolsonaro para uma reunião e dizer a ele que "queria muito ter exclusividade de nomear o diretor-geral da PF, muito embora, pela lei, seja ato de prerrogativa do presidente".

"A forma como foi feita (a saída de Moro) foi traumática, abalou a imagem do Brasil no exterior, abalou a economia, disparou o dólar, baixou a bolsa", disse. Wassef declarou ainda que não entende como o ex-ministro da Justiça e Segurança pôde entrar em confronto com o presidente por causa "de um delegado da Polícia Federal".

O advogado prosseguiu ao afirmar que Moro tinha "todo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, toda a PF, superintendentes, a máquina interna, absoluta autonomia". "Só por causa de um delegado não conseguiria realizar o trabalho?", perguntou.

Investigações

Wassef afirmou, sobre as investigações da PF sobre a tentativa de assassinato sofrida por Bolsonaro em Juiz de Fora (MG), que "parece que as pessoas não trabalham com a vontade que deveriam trabalhar". "Gostaria que (a PF) usasse um pouco do empenho que usa nos outros casos para (resolver) a tentativa de assassinato do presidente Bolsonaro. Eu gostaria que ele tivesse o mesmo tratamento e empenho que foi dado ao caso Marielle Franco", disse Wassef.

Ele disse que "Bolsonaro foi vítima de uma asquerosa armação" e que "uma organização criminosa orquestrou o assassinato do presidente da República". Sem apresentar provas, Wassef afirmou: "Todo o Brasil sabe que foi um ato terrorista orquestrado".

Apesar dos comentários o advogado disse: "Em momento algum estou aqui desqualificando a Polícia Federal, a nossa gloriosa Polícia Federal".

Ele negou a ligação de Bolsonaro com acusados de matar a vereadora Marielle Franco e disse que o presidente não conhece os suspeitos da assassiná-la. "Jamais esteve com eles e não tem nem sentença final de que eles mataram." Wassef sugeriu ainda a federalização do caso: "Tire do Rio de Janeiro, traga para Brasília e ponha sob o comando da Polícia Federal em Brasília."

Capitão Adriano

O advogado acrescentou que o ex-policial militar Adriano Magalhães da Nóbrega, acusado de integrar milícia no Rio e morto em 9 de fevereiro em confronto com a polícia da Bahia, não tinha nenhuma condenação criminal. Conforme Wassef, houve uma "verdadeira armação para incriminar um capitão da PM".

"(O ex-PM) sofreu armação porque fazia parte da grande armação asquerosa de se fabricar um monstro para depois amarrar ao Queiroz (Fabrício Queiroz), depois ao Flávio (Bolsonaro) e, assim, atingir o presidente com várias armações ardilosas", acusou. "Gostaria que a Polícia Federal investigasse o homicídio do capitão Adriano", apregoou.