Sergio Moro - Marcelo Camargo/AgÊncia Brasil
Sergio MoroMarcelo Camargo/AgÊncia Brasil
Por O Dia
Rio - O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, chegou na Superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba, por volta das 13h50 deste sábado, para depor sobre as afirmações de tentativa de ingerência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal, com a nomeação de Alexandre Ramagem para a diretoria-geral, suspensa pelo Supremo Tribunal Federal. As acusações foram feitas quando ele anunciou sua saída do governo, há uma semana, após o presidente exonerar Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal.
Neste sábado, estarão autorizados a participar do depoimento do ex-juiz os procuradores João Paulo Lordelo Guimarães Tavares, Antonio Morimoto e Hebert Reis Mesquita. O trio também ficará responsável por acompanhar os demais atos e diligências a serem praticados no inquérito.
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O interrogatório foi determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, que conduz a investigação. O magistrado antecipou o depoimento de Sergio Moro após analisar pedido de parlamentares de partidos da oposição. Inicialmente, o prazo dado pelo ministro era de 60 dias. A oitiva será a primeira medida tomada no inquérito aberto a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, para apurar suposta tentativa de interferência na PF ou crime de denunciação caluniosa.
Manifestação na porta da PF
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Antes da chegada do ministro, um grupo pequeno de apoiadores do presidente ficou desde as 10 horas na frente da sede da PF com palavras de ordem contra Moro e a imprensa. Uma das coordenadoras, Paula Milani, se recusou a falar com a imprensa, assim como outros militantes. "Com tantos crimes maiores, porque ele quis se voltar contra o presidente e sua família?", gritavam do carro de som.
Militantes tomavam o microfone e chamavam Moro de "Judas", "rato", e chegaram a falar que "a biografia do Moro deveria ser jogada na privada", entre outros xingamentos. "Porque não investigava quem tentou matar o presidente?", gritavam.
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Com Moro já no interior da sede, cobraram sua presença. "Não teve dignidade de vir dar oi para as duas únicas pessoas que estão aqui defendendo, pois todas outras estão com o presidente", disse uma manifestante.
Saída de Valeixo
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Maurício Valeixo foi escolhido por Moro para o cargo no início do ano passado. O delegado comandou a Diretoria de Combate do Crime Organizado (Dicor) da PF e foi Superintendente da corporação no Paraná, responsável pela Lava Jato, até ser convidado pelo ministro, ex-juiz da Operação, para assumir a diretoria-geral.
Embora a indicação para o comando da PF seja uma atribuição do presidente, tradicionalmente é o ministro da Justiça quem escolhe.
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Moro diz ter provas
Nesta sexta-feira (01), Moro afirmou que não vai admitir ser chamado de mentiroso e que vai apresentar à Justiça provas de que o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir indevidamente na Polícia Federal. A declaração foi dada em entrevista à revista Veja.
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Ele aproveitou para enfatizar que reitera tudo que falou em seu pronunciamento, mas que esclarecimentos adicionais serão dados apenas quando for chamado pela Justiça. "As provas serão apresentadas em momento oportuno, quando a Justiça solicitar", afirmou.
Moro também contou que o presidente anunciou que vai divulgar um "vídeo-bomba" contra ele, mas disse não saber o que o vídeo poderia conter.