Publicado 09/05/2020 11:16 | Atualizado 09/05/2020 11:17
Rio - Regiões em que as UTIs já estão com 85% a 90% de sua capacidade preenchidas, como São Paulo e Rio, já deveriam ter decretado lockdown (bloqueio total) e agora correm o risco de ver seus sistemas de saúde entrarem em colapso nos próximos dias Essa é a opinião de especialistas em saúde ouvidos pelo Estadão sobre a demora de governadores em adotar medidas mais drásticas de isolamento social.
Eles afirmam que mesmo Estados que adotarem agora o isolamento radical ainda têm chances de sofrer com a falta de leitos, já que são necessárias pelo menos duas semanas para observar os efeitos da medida. Segundo Ederlon Rezende, membro do conselho consultivo da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) e coordenador da UTI do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, quando uma UTI chega a uma lotação de 85%, ela já é considerada cheia pois a rotatividade dos pacientes é menor e o cenário pode mudar a qualquer instante.
"Esse índice é problemático porque, dependendo do tamanho da UTI, se chegar dois ou três pacientes, ela já lota e você começa a ter problema de falta de vagas", explica ele.
O especialista relata que no Hospital do Servidor Estadual, onde chefia a UTI, o número de leitos de terapia intensiva dobrou por causa da pandemia e, mesmo com a ampliação, já chegou a 75% da capacidade. "Se não tivéssemos aumentado, já teríamos colapsado. Só hoje (ontem), tive sete novos pacientes entrando e só duas altas", diz.
Para o sanitarista Walter Cintra Ferreira, professor de administração hospitalar e sistemas de saúde da Fundação Getulio Vargas (FGV), embora seja difícil estabelecer a hora certa para o lockdown, a lotação de 90% dos leitos do sistema público já é um indicativo concreto de que a situação está à beira do colapso "Está claro que ainda não chegamos ao pico.
Com o aumento de mortes diárias, precisamos manter o distanciamento social no País e decretar lockdown nos Estados que já têm 90% das UTIs ocupadas porque isso significa que já há fila de doentes e que a situação chega perto da perda de controle", afirma.
Segundo o governo paulista, os hospitais estaduais da região metropolitana já operam com cerca de 90% de suas UTIs ocupadas há pelo menos quatro dias. No Rio, mais de 400 pacientes aguardam vaga de terapia intensiva na rede pública.
Os especialistas dizem que, se o distanciamento social definido até agora tivesse sido bem sucedido, talvez o lockdown não fosse necessário. Agora, porém, a medida mostra-se inevitável em algumas regiões. Para eles, as divergências nos discursos de lideranças políticas e a demora do governo federal em pagar o auxílio emergencial fizeram com que a adesão da população ao isolamento ficasse abaixo do esperado.
"O governo federal errou em duas questões: uma foi a postura do presidente Bolsonaro em minimizar a pandemia. Com isso, as pessoas se sentiram compelidas a não seguir as orientações de isolamento. A segunda é a demora no pagamento de auxílio. Isso já deveria estar solucionado no mês passado", afirma Paulo Lotufo, epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Para Ferreira, foram questões políticas que impediram o País de adotar medidas de isolamento mais restritivas. "Essa decisão deveria ter sido técnica. O objetivo principal de qualquer governante agora deveria ser salvar vidas. Mas muitos não quiseram arcar com o ônus de problemas econômicos. Mas podem ter outro ônus, que é o de pilhas de mortos", diz.
Eles afirmam que mesmo Estados que adotarem agora o isolamento radical ainda têm chances de sofrer com a falta de leitos, já que são necessárias pelo menos duas semanas para observar os efeitos da medida. Segundo Ederlon Rezende, membro do conselho consultivo da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) e coordenador da UTI do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, quando uma UTI chega a uma lotação de 85%, ela já é considerada cheia pois a rotatividade dos pacientes é menor e o cenário pode mudar a qualquer instante.
"Esse índice é problemático porque, dependendo do tamanho da UTI, se chegar dois ou três pacientes, ela já lota e você começa a ter problema de falta de vagas", explica ele.
O especialista relata que no Hospital do Servidor Estadual, onde chefia a UTI, o número de leitos de terapia intensiva dobrou por causa da pandemia e, mesmo com a ampliação, já chegou a 75% da capacidade. "Se não tivéssemos aumentado, já teríamos colapsado. Só hoje (ontem), tive sete novos pacientes entrando e só duas altas", diz.
Para o sanitarista Walter Cintra Ferreira, professor de administração hospitalar e sistemas de saúde da Fundação Getulio Vargas (FGV), embora seja difícil estabelecer a hora certa para o lockdown, a lotação de 90% dos leitos do sistema público já é um indicativo concreto de que a situação está à beira do colapso "Está claro que ainda não chegamos ao pico.
Com o aumento de mortes diárias, precisamos manter o distanciamento social no País e decretar lockdown nos Estados que já têm 90% das UTIs ocupadas porque isso significa que já há fila de doentes e que a situação chega perto da perda de controle", afirma.
Segundo o governo paulista, os hospitais estaduais da região metropolitana já operam com cerca de 90% de suas UTIs ocupadas há pelo menos quatro dias. No Rio, mais de 400 pacientes aguardam vaga de terapia intensiva na rede pública.
Os especialistas dizem que, se o distanciamento social definido até agora tivesse sido bem sucedido, talvez o lockdown não fosse necessário. Agora, porém, a medida mostra-se inevitável em algumas regiões. Para eles, as divergências nos discursos de lideranças políticas e a demora do governo federal em pagar o auxílio emergencial fizeram com que a adesão da população ao isolamento ficasse abaixo do esperado.
"O governo federal errou em duas questões: uma foi a postura do presidente Bolsonaro em minimizar a pandemia. Com isso, as pessoas se sentiram compelidas a não seguir as orientações de isolamento. A segunda é a demora no pagamento de auxílio. Isso já deveria estar solucionado no mês passado", afirma Paulo Lotufo, epidemiologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Para Ferreira, foram questões políticas que impediram o País de adotar medidas de isolamento mais restritivas. "Essa decisão deveria ter sido técnica. O objetivo principal de qualquer governante agora deveria ser salvar vidas. Mas muitos não quiseram arcar com o ônus de problemas econômicos. Mas podem ter outro ônus, que é o de pilhas de mortos", diz.
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