"O debate público foi tomado por uma polarização que fez o distanciamento parecer um fim em si. Ele é só um meio para passarmos com segurança à fase em que a vigilância desse conta. A analogia seria primeiro combater um grande incêndio para depois passar à fase de controlar pequenos focos", afirma.
Marcia Castro, do Departamento de Saúde Global e População da Universidade Harvard, e a epidemiologista Maria Amélia Veras, que também compõem o observatório, defendem que o Brasil tem os instrumentos para fazer isso com toda a rede de atenção básica do País formada pelos agentes comunitários da saúde da família, mas não lançou mão desse recurso.
"Mas no Brasil já temos esses agentes. Eles moram nas comunidades, conhecem as pessoas, têm a confiança delas. Só precisariam ter treinamento sobre como lidar com a covid-19, para fazer coleta de sangue, receber equipamento de proteção", continua a especialista. "Se isso tivesse sido feito, eles poderiam fazer busca ativa de idosos, indicar onde há casas com sem acesso à água, onde tem casas com muitos moradores e que não podem fazer isolamento. E, acima de tudo, poderiam estar rastreando os contatos, coisa que não estamos fazendo. No momento em que as cidades estão reabrindo, isso seria importante para ajudar na vigilância de novos casos. Eles teriam condições de detectar o momento em que as pessoas começam a ter os primeiros sintomas."