Em coletiva de imprensa, o presidente do Rio Branco, Neto Alencar, afirmou que "como cristão" acredita na ressocialização do goleiro e que ele deve ter uma segunda chance. "E aí? Cadê a segunda chance da minha filha? As pessoas não conseguem se colocar no lugar de uma mulher violentada ou morta."
"O Bruno é defendido por milhares de pessoas e todos os dias eu vejo Eliza ser culpabilizada. As pessoas comentam que 'ela pediu por isso'. Quer dizer que quando uma mulher vai na justiça pedir os direitos do filho ela está pedindo para morrer?”, questiona Sônia.
Sônia não acredita no arrependimento de Bruno ou segunda chance para ele. "Isso não vai trazer a Eliza de volta. Ele teve tempo para pensar lá atrás. Ele poderia ser outro Bruno, mas preferiu matá-la. Achou que ninguém ia descobrir, que ia ficar impune por ser goleiro do Flamengo e que não acreditariam na história dela. Eu só queria ter paz, mas eu nunca vou ter. Minha dor não vai amenizar."
'Meu único pedido é saber onde está o corpo de Eliza'
Sônia não esconde do neto a verdade sobre o crime e prefere não criar a esperança de que um dia se saberá o que foi feito com o corpo de Eliza.
'O que a justiça fez quando ela pediu socorro?'
Apesar disso, Sônia diz que a Lei Maria da Penha e da Lei do Feminicídio foram importantes avanços no combate à violência contra a mulher, mas acredita que ainda é preciso ser feito mais para impedir que crimes -- como o assassinato de Eliza -- aconteçam.
"Esses crimes bárbaros contra a mulher só vão acabar quando o homem tiver punição. Isso ainda acontece porque eles acham que nada vai acontecer. O Bruno matou a minha filha, tentou matar o meu neto e pegou quantos anos? A sentença era de 22 anos e três meses. Não chegou a ficar nem dez preso . Por quê? Porque as nossas leis são fracas".
Sônia conversa com muitas pessoas que tiveram filhos assassinados e diz que a revolta é geral. "A vontade de muitos é fazer justiça com as próprias mãos, porque a nossa não está fazendo isso pelas nossas vítimas".
Falta de apoio
Além de não receber suporte quando Eliza foi assassinada, Sônia conta que, na época, teve de enfrentar exatamente o oposto. "O que faziam comigo era me humilhar. Mesmo mostrando fotos e documentos, insistiam em dizer que eu havia abandonado Eliza." Em 2015, em entrevista a Gugu Liberato (morto em 2019) , Bruno acusou Sônia de ser negligente com a filha. "Eu poderia pedir perdão a Dona Sônia, se ela fosse uma mãe de verdade", falou.
'Meu neto é a minha alegria'
Sônia fala que não pensou duas vezes em assumir a tutela da criança, mas tinha medo de olhar para o Bruninho e lembrar do pai dele. "Orei muito a Deus. Hoje, ele é a minha alegria. Já ouvi gente falando que, no meu lugar, não ficaria com ele. Como não? Ele é inocente. Não tem culpa de nada. Se existe um culpado nessa história, se chama Bruno, e não é o meu neto”.
Bruninho não pergunta sobre o pai
Sônia conta que mantém uma relação bem próxima e afetuosa com o neto. "Acho que faço um bom trabalho criando o Bruninho. Ele é uma criança extremamente carinhosa e carrega a alegria que Eliza tinha estampada no rosto".
No passado, Bruno queria a guarda. Hoje, não reconhece o filho
Em 2017, Bruno mudou o discurso. No programa "SuperPop", da RedeTV!, afirmou não ter certeza sobre a paternidade . "Tenho que ver se ele é meu filho mesmo ou não". A avó garante que não levará o neto para fazer o exame. "Se ele não tivesse certeza que era filho, não teria dado remédio para a Eliza abortar."
Sônia ainda relata que vê Bruno compartilhando fotos com as filhas nas redes sociais e acredita que é uma tentativa de construir a imagem de um pai de família. "Ele está tentando passar para a sociedade uma coisa que não é. O pai é aquele que protege, que cuida e que dá alimento. Ele não é isso."