Oi se junta às rivais Claro e Vivo, que começaram a ativar o 5G em São Paulo, Rio e mais algumas capitais desde julhoPixabay
Por Julia Noia*
Publicado 24/08/2020 00:00

Realizar o download de filmes em questão de segundos e conectar dispositivos domésticos para entender o cotidiano humano parece um cenário de produção futurística, mas o grande símbolo do 'futuro' faz parte do presente. A tecnologia 5G deu seus primeiros passos em 2013 e já foi implementada em países como Coreia do Sul, China e Estados Unidos. No Brasil, entretanto, a corrida pelo 5G avança com lentidão. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) anunciou, no final de junho, que o leilão da tecnologia deverá acontecer no primeiro semestre de 2021, e especialistas estimam que, em 2023, fará parte do cotidiano brasileiro com significativas transformações socioeconômicas. 

O 5G é um conjunto de tecnologias que sucede o 4G na garantia do aumento do fluxo de dados pela internet. Mas vai além da conectividade e representa um novo marco no mundo em rede. Com o aumento de banda, a difusão de dispositivos com experiências em realidade aumentada e controle a distância de objetos vai facilitar a implementação da principal revolução do 5G: a Internet das Coisas. A partir da conectividade entre aparelhos como eletrodomésticos e dispositivos móveis, os dados passam a ser criados pelo ambiente no qual seres humanos estão inseridos, e não propriamente pelas pessoas. 

"O dispositivo sabe que você sempre toma café quando está voltando para casa e, quando seu relógio avisa que está chegando em casa pela geolocalização, a cafeteira inteligente começa a funcionar. A tecnologia também torna cidades inteligentes porque podem ser mapeadas por meio dos dados pessoais", explica Claudio Miceli, professor do Programa de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe/UFRJ e especialista em Internet das Coisas.

Como demanda baixo investimento, Miceli destaca que o acesso à internet veloz poderá ser democratizado, mesmo em áreas remotas. Mas com as novas tecnologias, a sociedade terá que enfrentar impactos negativos, como a geração de grandes quantidades de lixo eletrônico, já que o 5G ainda não é compatível com a maioria dos dispositivos - há, no Brasil, apenas um celular que comporta a tecnologia, lançado em julho pela Motorola.

"Como ficará a lei de proteção geral de dados quando o sensor de dados fizer parte dessas ferramentas de internet das coisas? Poucos têm noção do que está por trás de ver filme no celular e falar com os amigos pelo celular", pondera.

LEILÃO ADIADO

Em fevereiro, saiu o edital para o leilão do 5G, que a Anatel chamou de "a maior licitação de frequências da história". Mas já foi adiado para 2021.

Para o economista Mauro Rochlin, não há mais como postergar a licitação e, uma vez implementada, o Brasil terá que lidar com as consequências econômicas.

"A questão deve ser avaliada com cuidado porque tem o desdobramento de como a indústria tecnológica vai se desenvolver no país".

A mitologia do leilão do 5G
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Novos horizontes econômicos
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A corrida pela tecnologia 5G deixou o Brasil bem atrás de grandes potências, como China, Estados Unidos e diversos países da Europa, mas o economista e professor da Fundação Getúlio Vargas Mauro Rochlin adianta que é um movimento inevitável nos setores industrial e de serviços.
"A indústria representa de 15% a 17% do PIB brasileiro, mas o impacto do 5G nos serviços vai ser tremendo nos desdobramentos. Certamente vão surgir novos ofícios e formas de se introduzir no mercado, e parece que vai demandar um trabalho qualificado", afirma.
O especialista aponta que, no médio e longo prazo, haverá a criação de novos postos de trabalho qualificado, sobretudo em áreas técnicas como engenharia, medicina e física, que vão demandar profissionais adaptados ao 5G. Entretanto, no curto prazo, o economista alerta para a redução de empregos não qualificados por conta do ganho em produtividade e eficiência nos setores industrial e de serviços.

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