O inquérito que apura a participação do senador Flávio Bolsonaro, filho 01 do presidente Jair Bolsonaro, no suposto esquema de rachadinhas da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) foi encaminhado à Subprocuradoria-Geral de Justiça de Assuntos Criminais e de Direitos Humanos do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ). Os autos, ainda sob sigilo, agora seguem para o procurador-geral do Rio, Eduardo Gussem.
Flávio é investigado pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc) pelo esquema montado por seu ex-assessor Fabrício Queiroz, que está em prisão domiciliar com sua mulher, Marcia Aguiar. Queiroz, segundo as investigações, eram articuladores do repasse de parte de dinheiro dos salários no gabinete ao ex-assessor.
O senador justifica sua evolução financeira e patrimonial com os lucros de uma filial da loja de chocolates Kopenhagem. Para a Promotoria, a loja localizada em um shopping da Barra da Tijuca lavou R$ 1,6 milhão — parte dessa quantia teria sido depositada na conta bancária da empresa entre 2015 e 2018 após supostamente ser recolhida pelo ex-assessor de Flávio.
Nesta semana, o jornal The New York Times destacou os R$ 89 mil depositados por Fabrício Queiroz, amigo de longa data de Jair Bolsonaro (sem partido), na conta da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e afirmou que a investigação ameaça o presidente.
"O caso envolvendo o ex-assessor e confidente da família abalou os nervos de Bolsonaro ao colocar sua esposa e seu filho mais velho no centro de uma investigação de corrupção que se transformou em um de seus maiores constrangimentos", diz o texto, em referência ao presidente brasileiro ter confessado sua vontade de agredir aos socos um repórter que perguntou sobre os depósitos para a primeira-dama.
Em nota, a defesa do senador afirma que "os promotores da Gaecc manobraram para encontrar uma saída honrosa do grupo da condução dos trabalhos".
"O grupo não poderia investigar o senador Flávio Bolsonaro, o que acarretou em uma representação no Conselho Nacional do Ministério Público devido a designação espúria para que o referido grupo permanecesse investigando o parlamentar. O prazo terminaria nesta segunda-feira para explicações do Procurador-Geral de Justiça. Não é verdade que a investigação tenha sido concluída nesta data. Ela já já havia se encerrado com a oitiva do senador Flávio Bolsonaro", informou.