Publicado 20/10/2020 10:41
O programa ‘Conta pra Mim’, lançado pelo Ministério da Educação (MEC), tem gerado repercussão negativa entre escritores e educadores no Brasil. A iniciativa do MEC tem como objetivo “a ampla promoção da Literacia Familiar”, ou seja, iniciar o letramento das crianças por meio de seus pais, com livros infantis. Para isso, no entanto, o ministério disponibilizou clássicos da literatura infantil recheados de modificações, que são o principal alvo das críticas. As informações são do ‘Bom Dia Brasil’.
A Secretaria de Alfabetização, vinculada ao MEC, divulgou o programa no dia 27 de agosto. Os 40 livros do ‘Conta pra Mim’ estão disponíveis online gratuitamente. Entre eles, histórias como a da Chapeuzinho Vermelho e de João e Maria, que contam com versões diferentes das convencionais. A intenção do ministério é levar os livros a 390 mil famílias vulneráveis.
Em João e Maria, por exemplo, os irmãos não são abandonados pelos pais, mas saem para passear. As pedrinhas que João usa para guardar o caminho são dadas pela mãe, e não ideia do filho, como na história tradicional. Entre as outras mudanças, mortes são substituídas por prisões, bruxas desaparecem e não há beijos entre personagens.
Incomodados com as alterações, quase 3 mil pessoas assinaram um manifesto pedindo a suspensão dessa nova coleção. Entre elas, o escritor Pedro Bandeira, um nome importante na literatura infanto-juvenil brasileira que condenou as modificações e seu caráter “bonzinho”, o que, segundo ele, pode acabar tirando aprendizados importantes das crianças.
O MEC defendeu a livre adaptação das obras e afirmou que o programa ‘Conta pra Mim’ foi objeto da avaliação de especialistas internacionais sobre literacia familiar e está em acordo de cooperação com a Unesco.