Segundo Prodes, o estado que mais desmatou a Amazônia foi o Pará, seguido de Mato Grosso, Amazonas e Rondônia - reprodução
Segundo Prodes, o estado que mais desmatou a Amazônia foi o Pará, seguido de Mato Grosso, Amazonas e Rondôniareprodução
Por O Dia
Rio - Dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), divulgados nesta segunda-feira (30), mostram um aumento de 9,5% no desmatamento na Amazônia entre agosto de 2019 e julho de 2020, maior índice desde 2008. O desmatamento chega a 11.088 km² no bioma, equivalente a 1,58 milhão de campos de futebol, 4.340 campos de futebol por dia, ou 3 campos por minuto. Segundo Prodes, o estado que mais desmatou a Amazônia foi o Pará, seguido de Mato Grosso, Amazonas e Rondônia.

O desmonte dos órgãos e as políticas antiambientais nos levou a uma taxa quase três vezes maior que a meta de redução do desmatamento determinada por lei para 2020, de acordo com a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC). "Perdemos uma área 7,29 vezes o tamanho da cidade de São Paulo no ano considerado pelo Prodes, um número que representa 626 milhões de árvores cortadas, ou seja, 3 árvores perdidas por cada brasileiro. Este cenário já era sabido. E, ainda assim, a resposta do governo federal frente ao aumento do desmatamento tem sido maquiar a realidade, militarizar cada vez mais a proteção ambiental e trabalhar para coibir a atuação da sociedade civil, ferindo a nossa democracia", afirma Cristiane Mazzetti, porta-voz de Amazônia do Greenpeace.

Entre as regiões de destaque no desmatamento, estão a região da BR-163 e terra do meio no Pará, onde há avanço nítido sobre áreas de florestas públicas não destinadas e invasão de áreas protegidas. No Pará, os alertas já apontavam áreas protegidas sendo muito desmatadas, como a APA (Área de Proteção Ambiental) Triunfo do Xingu, APA do Jamanxim, Flona de Altamira e terras indígenas Cachoeira Seca, Ituna Itatá e Apyterewa. Todas essas regiões, inclusive, não constavam no roteiro da viagem de campo organizada no início do mês com embaixadores, que centralizou o roteiro no estado do Amazonas, mas não visitou o sul do estado, onde o desmatamento está completamente fora de controle.

Enquanto isso, continuando na contramão da proteção ambiental, em vez de concentrar todos os esforços para reduzir o desmatamento, os órgãos ambientais devem sofrer um corte de orçamento em 35% para 2021, caso a proposta de orçamento do governo Bolsonaro seja aprovada pelo Congresso Nacional. Esse cenário é inaceitável e vai na contramão do que querem os brasileiros, como mostrou pesquisa recente do Datafolha, encomendada pelo Greenpeace. Nesta, 87% dos brasileiros atribuem nota máxima, dez (10), para a importância de se preservar a Amazônia e 92% acreditam que é possível desenvolver sem desmatar a floresta.

"A visão de desenvolvimento do governo Bolsonaro para a Amazônia nos leva a de volta ao passado, com taxas de desmatamento não observadas desde 2008. É uma visão retrógrada, que não conversa com a maioria dos brasileiros e não condiz com os esforços necessários para lidar com as crises do clima e da biodiversidade. A incômoda verdade se revela por meio de números que dão a dimensão do descaso e da ineficácia", finaliza Cristiane.