Presidente da Câmara, Rodrigo MaiaMarcelo Camargo/Agência Brasil
Por ESTADÃO CONTEÚDO
Publicado 18/12/2020 16:29
Brasília - Após um pedido do governo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), retirou a medida provisória 1.000, do auxílio emergencial, da pauta do dia, e ressaltou a responsabilidade do governo de Jair Bolsonaro na falta de avanço em programas sociais e fez uma série de críticas ao Palácio do Planalto. Maia afirmou ainda que será um "leal adversário do presidente da República naquilo que é ruim para o Brasil".

Ele discursou na tribuna da Câmara, após o líder do governo na Casa, Ricardo Barros (PP-PR), pedir a retirada de pauta da medida provisória 1.000, sobre o auxílio emergencial.

A proposta foi pautada por Maia, na noite da quinta-feira, quando Bolsonaro cobrou de Maia o fato de os beneficiários do Bolsa Família não receberem o 13º este ano, embora o governo não tenha enviado nenhuma proposta ao Congresso para garantir o benefício a mais em 2020.

"Mais um episódio ocorrido ontem quando, infelizmente, o presidente da República mentiu em relação a minha pessoa. Aliás, muita coincidência, a narrativa que ele usou ontem e a narrativa que os bolsominions usam há um ano comigo, em relação as MPs que perdem a validade nessa Casa, é a mesma narrativa. A narrativa que eu deixei caducar a MP do 13º é a mesma de hoje. Peguem as redes sociais dos extremistas e vocês vão ver", disse Maia.

Para ele, o Palácio do Planalto faz uma articulação conjunta para desqualificar e desmoralizar a imagem dos adversários do presidente da República. Maia disse que Bolsonaro acabou sendo desmentido pelo seu próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, que disse que não há recursos para o 13º do Bolsa Família. Ele ressaltou que fazia o discurso justamente para resguardar a imagem do parlamento contra ataques de narrativas.

'Fuga de responsabilidade'

Por algumas vezes em seu discurso, Maia disse que Bolsonaro foge da sua responsabilidade ao ser eleito presidente do Brasil. "Quando você disputa uma eleição para ser presidente do Brasil, você assume a responsabilidade de dar um norte do nosso País. Infelizmente não é o que tem acontecido nos últimos dois anos", comentou.

'Falta de coragem'

Para Maia, falta coragem ao presidente para se discutir o benefício social e ele lembrou que foi o Palácio do Planalto que "obrigou ou indicou" o relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial, senador Márcio Bittar (MDB-AC) a não incluir em seu texto os gatilhos ao teto de gastos.

"Garantimos o País funcionando, porque o negacionismo do governo e a depressão do ministro da Economia fizeram com que o parlamento assumisse esse papel", disse Maia. "Foi importante o governo entrar em obstrução contra a MP 1000, isso está registrado na imprensa", disse.

'Do lado da democracia'

Como o Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) mostrou mais cedo, partidos da base do governo estavam preparados para impedir a votação da MP 1.000. "Estarei onde sempre estive: do lado da democracia, contra a agenda de costumes que divide o Brasil, que radicaliza o Brasil, que gera ódio entre as pessoas. E como essa é a agenda do presidente, eu continuarei sendo um leal adversário do presidente da República naquilo que é ruim para o Brasil e serei um aliado do governo, e não do presidente do governo, nas pautas que modernizam o Estado brasileiro", disse Maia.

Maia afirmou ainda que está preparado para debater ao longo de janeiro a inclusão de mais brasileiros no Bolsa Família.
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