De acordo com os jovens, havia também conversas sobre uma suposta cura para a homossexualidade - Reprodução/TV Globo
De acordo com os jovens, havia também conversas sobre uma suposta cura para a homossexualidadeReprodução/TV Globo
Por IG - Último Segundo
Quatro ex-seminaristas acusam Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo de Belém, de assédio e abuso sexual. A denúncia surgiu em agosto de 2020, um inquérito foi aberto pela Polícia Civil a pedido do Ministério Público do Pará e uma investigação também está sendo feita pelo Vaticano.
No último domingo (3), o Fantástico exibiu relatos das supostas vítimas. Segundo elas, o arcebispo convidava os seminaristas para visitá-lo em sua casa e os jovens se sentiam privilegiados pela oportunidade, sem saber que os abusos ocorreriam ali.
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“Quando ele me tocou, na minha parte íntima, disse que aquilo ali era normal, coisa do homem. Mas, assim, eu não via maldade, porque confiei muito, por ele ser uma autoridade, também não tinha experiência. Mas aquilo foi se tornando já permanente e já mais agressivo. Ele já me recebia na porta e já ia logo pegando”, contou uma das vítimas.
Segundo o jovem, Dom Alberto conversava sobre sexualidade e masturbação nos encontros.
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Outra vítima relatou que além do abuso sexual, também sofreu assédio moral. “Quando eu comecei a falar que eu queria sair do seminário por isso, isso e isso, comecei a chorar. Ele mudou o humor repentinamente. Bateu na mesa, me xingou de 'viado', disse que chorar era coisa de 'viado', que eu tinha que ser homem, que eu tinha que ser forte. E isso tudo gritando, assim, de maneira que até chegou a me assustar", disse à reportagem.
De acordo com os jovens, havia também conversas sobre uma suposta cura para a homossexualidade. Os ex-seminaristas disseram que o arcebispo lhes entregou um livro em que são descritos procedimentos para o que ele chamava de "tratamento".
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Ao Fantástico, Roberto Lauria, advogado de Dom Alberto expressou seu repúdio ao relato dos ex-seminaristas. "Nós vamos provar ao final desse inquérito que, diferentemente do que se pensa, os denunciantes não são quatro pessoas isoladas. São um grupo de pessoas que têm um profundo recalque, um profundo sentimento de vingança por Dom Alberto”, disse ele.
Os ex-seminaristas tinham de 15 a 18 anos quando teriam sofrido os abusos moral e sexual, entre 2010 e 2014. Parte dessas acusações já havia sido publicada pelo jornal El País em dezembro.