De acordo com os estudos, a CoronaVac oferece 100% de eficácia contra casos graves - Divulgação/Instituto Butantan
De acordo com os estudos, a CoronaVac oferece 100% de eficácia contra casos gravesDivulgação/Instituto Butantan
Por Maria Clara Matturo*
Rio - Após o Instituto Butantan divulgar a eficácia geral de 50,4% da vacina CoronaVac, muitas pessoas começaram a questionar se o imunizante seria de fato competente no combate à doença. Nesta quarta-feira, ao ser questionado sobre a importância das vacinas, o próprio presidente Jair Bolsonaro debochou da taxa de eficácia da vacina, perguntando a seus apoiadores se "essa de 50% é uma boa?", fazendo referência à CoronaVac. Pensando em desmistificar as dúvidas relacionadas ao imunizante e combater a desinformação, O DIA tirou as principais dúvidas sobre a Coronavac com especialistas. Confira: 
Quais são os índices de eficácia comprovados da Coronavac?
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De acordo com as informações divulgadas pelo Instituto Butantan e o Governo de São Paulo, a eficácia geral do imunizante é de 50,4%, para casos leves da doença, 78% e para casos graves 100%. 
"Precisamos entender que quando a gente diz que a eficácia global é de 50,4% significa que quando você toma a vacina você tem 50,4% de chance de não contrair a doença. Quando a gente fala na eficácia de 78%, significa que após a vacina, se você contrair a doença, você tem 78% de chances de ter um quadro de sintomas leves. E o que foi apresentado até aqui é que você tem 100% de chance de não ter nenhuma gravidade, ou seja, de ir para o CTI, ser entubado e ter todas as complicações mais graves da doença", explicou médica geriatra Roberta França.
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Na prática, ao tomar a vacina, a pessoa imunizada tem 50% de chances de não desenvolver a doença, 78% de chances de não precisar de atendimentos médicos e 100% de chance de não precisar ser hospitalizado e, consequentemente, vir a óbito.
Com os dados apresentados, a CoronaVac se mostrou uma vacina boa e eficaz?
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"Além de boa e eficaz ela é uma vacina segura. Tivemos acesso a esses dados e temos a eficácia de 78% em casos leves e moderados e o que é mais importante: 100% de eficácia em casos graves, isso quer dizer que não teremos mais mortes por covid-19, no Brasil, depois que todos forem vacinados", afirmou o coordenador do curso de biomedicina do IBMR, Raphael Rangel.
O especialista reforçou, ainda, que é preciso conscientizar a população de que a vacina é um caminho seguro na luta contra o coronavírus. "Essas taxas só mostram que devemos intensificar o plano de vacinação e conscientizar que a vacinação é importante. Para que a gente atinja a imunidade de rebanho é necessário que todos se vacinem. Se tivermos uma vacina como a CoronaVac distribuída em todo o Brasil, com 50,4% de eficácia e somente 75% da população venha a aderir, nós não teremos a imunidade de rebanho. Então, é preciso reforçar que é uma vacina eficaz, segura e que todos precisam participar para que não tenhamos mais mortes pela doença no país".
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Na Indonésia, o uso emergencial da Coronavac já foi autorizado pela agência oficial de medicamentos e dispositivos médicos, como informou a a agência de notícias estatal Anadolu, nesta quarta-feira.
Em comparação a outros imunizantes mundiais, a CoronaVac continua sendo uma boa opção?
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Segundo os especialistas e a Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI), não é certo comparar as taxas de eficácias das vacinas porque elas são fabricadas de maneiras diferentes seguindo metodologias distintas. Em nota, a SBI explicou a importância de considerar a diferença nas pesquisas.
No estudo da Moderna, por exemplo, foram considerados casos com dois sintomas leves de um grupo restrito ou um sintoma grave, enquanto no estudo da vacina de Oxford, foram considerados casos a maioria dos sintomas leves junto de um sintoma grave. Já na pesquisa realizada pelo Instituto Butantan, foram considerados casos qualquer um dos sintomas leves, inclusive outros que não foram considerados pelos outros pesquisadores, como náusea, vômito e diarreia, o que abriu uma margem.
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"Em consequência, este estudo abriu margem para detecção de mais casos por diagnóstico molecular, que nos demais estudos provavelmente não foram detectados, por não serem considerados sintomáticos", explicou a nota.
"É importante ressaltar que quando a gente fala de diversas vacinas, também estamos falando de diferentes tecnologias. É impossível comparar as vacinas da Pfizer e da Moderna, por exemplo, que tiveram 90% de eficácia nos estudos. Elas são vacinas com a tecnologia de RNA mensageiro, totalmente diferente da tecnologia usada na CoronaVac, que é uma vacina de vírus atenuado. Essa é uma tecnologia já conhecida por nós, utilizada em outros imunizantes do calendário brasileiro", ponderou o biomédico Raphael Rangel.
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O que esperar após a vacina?
Apesar da vacinação ser um assunto urgente e ter uma necessidade imediata, mesmo após receber o imunizante, a vida ainda pode levar um tempo para se readaptar, como explicou a médica Roberta França.
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"Precisamos entender que ninguém se vacina hoje e fica imune amanhã. Durante muitos meses vamos ter a necessidade de continuar usando máscara, álcool em gel, distanciamento social, até que a gente tenha a imunidade de rebanho e isso não acontece do dia para noite. Até lá, vamos precisar aprender a se cuidar, porque infelizmente em janeiro de 2021 ainda precisamos discutir o uso de máscara com muitas pessoas".

*Estagiária sob supervisão de Marina Cardoso
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