O governo de Jair Bolsonaro rejeitou no ano passado três ofertas da farmacêutica norte-americana Pfizer
O governo de Jair Bolsonaro rejeitou no ano passado três ofertas da farmacêutica norte-americana PfizerAFP
Por IG - Último Segundo

O governo de Jair Bolsonaro rejeitou no ano passado três ofertas da farmacêutica norte-americana Pfizer, deixando de obter pelo menos 3 milhões de doses em meio à escassez de vacinas contra a Covid-19 e impossibilitando que a vacinação começasse ainda em 2020. O volume, que tinha entrega prevista até fevereiro, equivale a cerca de 20% das doses já distribuídas no país até o momento.

Nesta semana, o Ministério da Saúde anunciou que pretende comprar doses da vacina da Pfizer, quase sete meses após a primeira oferta apresentada pela empresa, que previa que as primeiras entregas fossem feitas ainda em dezembro do ano passado, antecipando o calendário, que começou de fato quase um mês depois no Brasil.

Das três propostas feitas pela Pfizer antes da que o governo diz ter aceito agora, embora ainda não haja nenhum contrato assinado, duas previam vacinas sendo aplicadas já em dezembro, quando o imunizante da fabricante norte-americana passou a ser aplicado em outros países, como Reino Unido e os EUA. A terceira proposta previa entrega das vacinas em janeiro. A primeira proposta feita pela Pfizer ocorreu em 14 de agosto de 2020 e previa a aplicação de 500 mil doses em dezembro do ano passado, segundo a Folha de S.Paulo. Até junho, era prevista a entrega de 70 milhões de doses, mas o governo recusou e, com isso, atrasou todo o processo.

Agora, a proposta que o Ministério da Saúde diz ter aceito tenta negociar com a empresa entregas a partir do mês de maio. As recusas iniciais, portanto, atrasaram por meses as entregas e aplicações de milhões de doses da vacina aos brasileiros, que hoje veem o número de casos e mortes aumentar por todo o país, sistemas estaduais de saúde colapsarem e novas medidas restritivas serem tomadas.

O governo federal, agora, muda o tom e tenta mostrar que busca negociar a compra das doses de vacinas. Até o momento, no entanto, as doses contratadas imunizariam somente 65% da população, percentual considerado insuficiente para a chamada imunização coletiva. A lentidão da campanha nacional impressiona, e governadores e prefeitos buscam negociar a compra de vacinas diretamente com fabricantes, o que incomoda Bolsonaro.

A exemplo da Pfizer, o Instituto Butantan também teve propostas recusadas pelo governo federal. Hoje, a Coronavac é responsável por pelo menos 78% das vacinas aplicadas no Brasil.

Confira em detalhes as propostas da Pfizer ao governo brasileiro

Primeira proposta, de 14 de agosto de 2020:

  • 500 mil doses em dezembro de 2020;
  • 1,5 milhão de doses em janeiro ou fevereiro;
  • 5 milhões de doses no segundo trimestre;
  • 33 milhões de doses no terceiro trimestre; e
  • 30 milhões de doses no quarto trimestre.

Segunda proposta, de 18 de agosto de 2020:

  • 1,5 milhão de doses em dezembro de 2020;
  • 1,5 milhão de doses em janeiro ou fevereiro;
  • 5 milhões de doses no segundo trimestre;
  • 33 milhões de doses no terceiro trimestre; e
  • 29 milhões de doses no quarto trimestre.

Terceira proposta, de 11 de novembro de 2020:

  • 2 milhões de doses em janeiro/fevereiro;
  • 6,5 milhões de doses no segundo trimestre; e
  • 61,5 milhões de doses, meio a meio, nos terceiro e quarto trimestres​.

Proposta de 15 de fevereiro, aceita segundo o Ministério da Saúde:

  • 2 milhões de doses em maio;
  • 7 milhões de doses em junho;
  • 10 milhões de doses em julho;
  • 10 milhões de doses em agosto;
  • 10 milhões de doses em setembro;
  • 20 milhões de doses em outubro;
  • 20 milhões de doses em novembro; e
  • 21 milhões de doses em dezembro.
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