Com aumento de mortes por covid, Prefeitura de SP começa abrir 600 valas por dia
Com aumento de mortes por covid, Prefeitura de SP começa abrir 600 valas por diaANTONIO MOLINA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Por ESTADÃO CONTEÚDO
São Paulo - Com o sistema funerário pressionado pelo agravamento da pandemia do novo coronavírus, a gestão Bruno Covas (PSDB) começa nesta quarta-feira, 7, uma operação para abrir 600 valas por dia na capital paulista. A Prefeitura também estuda a construção de um cemitério vertical e planeja fazer convênios com crematórios de municípios da Grande São Paulo.
Historicamente, a cidade realiza entre 240 sepultamentos (primavera e verão) e 300 (outono e inverno) por dia. Já os dados mais recentes do boletim da Prefeitura apontam que, desde março, a média subiu para mais de 315 casos, com recorde de sepultamentos registrado no período. E cientistas alertam que há tendência de alta para mortes por covid nas próximas semanas, o que impacta de forma direta na demanda do serviço funerário.
Publicidade
"Todos os estudos apontam para uma maior demanda de sepultamentos no País nos meses de abril e maio", afirmou o secretário de Subprefeituras, Alexandre Modonezi, ao Estadão. "Com base nisso, estamos ampliando a abertura de valas diárias para estarmos preparados, caso ocorra esse aumento "
Mesmo com a recente escalada de óbitos por covid, nenhuma necrópole municipal estaria próxima do esgotamento e ainda haveria capacidade para outras ampliações, segundo a Prefeitura. A medida atual, no entanto, está prevista no Plano de Contingenciamento do Serviço Funerário, elaborado no ano passado, que antecipa cenários e prevê ações por etapas para evitar colapso no sistema.
Publicidade
A meta é evitar que São Paulo registre episódios como o de Manaus, onde corpos chegaram a ser enterrados em valas coletivas durante a pandemia. "Hoje, não corremos risco (de colapso)", disse Modonezi. "O nosso principal objetivo é oferecer dignidade às pessoas, sempre com sepultamento individual."
A operação empenhou dez retroescavadeiras e vai focar em quatro grandes cemitérios, onde a Prefeitura identificou maior margem de exumações, que ocorrem após dois (crianças) ou três anos (adultos), e, portanto, de novas vagas. São eles: Vila Formosa e Itaquera, na zona leste, além do São Luiz, na zona sul, e Dom Bosco, na zona oeste.
Publicidade
Em Itaquera, há plano para erguer um cemitério vertical em duas quadras do cemitério, área correspondente a 1,6 mil m², com sepulturas em alvenaria e de estilo gavetões. O projeto está em fase de estudo de engenharia. O tempo de implantação é estimado em 90 dias, após conclusão da análise, o que deve ocorrer na próxima semana.
Em paralelo, existe proposta de convênio com seis crematórios privados de cidades vizinhas, que ampliariam a capacidade do serviço de cerca de 50 para 100 cremações diárias. Se confirmada, a parceria vai manter os preços que constam da tabela do Serviço Funerário Municipal nesses outros lugares.
Publicidade
"É preciso reforçar todos os cuidados sanitários durante a pandemia, como o uso de máscaras e o distanciamento. O Serviço Funerário vive o reflexo direto da não tomada dessas medidas", afirmou o secretário. "Além dos óbitos de covid, a cidade continua tendo os óbitos de outras causas: são cerca de 200 sepultamentos que normalmente já precisamos absorver."
Atualmente, a cidade conta com 398 sepultadores atuando nos 22 cemitérios municipais. Em março, a Prefeitura começou a usar 50 vans particulares, contratadas para atuar no transporte funerário.
Publicidade
Também desde o mês passado, os cemitérios da Vila Formosa, São Luiz, Vila Nova Cachoeirinha e São Pedro têm realizado enterros em horário estendido, até as 22 horas. Nas demais, as cerimônias seguem de 7h às 18 horas.