Pazuello é um dos principais alvos da comissão, criada para investigar a atuação do governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia, além dos repasses de verbas federais para Estados e municípios.
A abertura de uma CPI pode levar à convocação de autoridades para prestar depoimentos, quebra de sigilo telefônico e bancário de alvos da investigação, indiciamento de culpados e encaminhamento ao Ministério Público de pedido de abertura de inquérito. Um depoimento de Pazuello à CPI preocupa o Planalto. Os trabalhos da comissão aprofundam o desgaste de Bolsonaro em um momento de queda de popularidade do presidente, agravamento da pandemia e piora nos indicadores econômicos.
Na última quarta-feira, ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) sinalizaram que devem punir Pazuello e seus auxiliares por omissões na gestão da pandemia da covid-19. Relator da ação sobre a conduta do Ministério da Saúde durante a crise sanitária, o ministro Benjamin Zymler disse que a pasta evitou assumir a liderança do combate ao novo coronavírus no País.
Segundo o relator, uma das ações da gestão de Pazuello foi mudar o plano de contingência do órgão na pandemia, com a finalidade de retirar responsabilidades do governo federal sobre o gerenciamento de estoques de medicamentos, insumos e testes. "Em vez de expandir as ações para a assunção da centralidade da assistência farmacêutica e garantia de insumos necessários, o ministério excluiu, por meio de regulamento, as suas responsabilidades", afirmou Zymler.
A CPI da Covid já definiu seus principais cargos e deve iniciar os trabalhos na próxima semana. Com minoria na comissão, o Palácio do Planalto jogou a toalha e aceitou o acordo fechado por senadores independentes e de oposição. O presidente da CPI será Omar Aziz (PSD-AM), a vice-presidência ficará com Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e a relatoria, com Renan Calheiros (MDB-AL)
Passeio
Em seu passeio, Bolsonaro ainda parou em um posto da Polícia Rodoviária Federal, em compromissos que não foram divulgados na agenda pública da Presidência da República. Mais uma vez, o chefe do Executivo ignorou os protocolos sanitários e dispensou o uso de máscara, apesar do agravamento da pandemia, que já levou à morte mais de 360 mil brasileiros.
O presidente já foi contaminado pela covid-19 e atribuiu sua recuperação ao que chama de tratamento precoce - que não tem comprovação científica - e a seu histórico de atleta. Depois de ter declarado que não tomaria vacina, Bolsonaro disse a apoiadores ontem à noite que pretende ser imunizado "por último" Segundo o presidente, a decisão se dá porque há "muita gente apavorada" esperando pela vacina "dentro de casa".
Conforme o Estadão/Broadcast mostrou, com 66 anos de idade, Bolsonaro está apto a receber a vacina no Distrito Federal desde o dia 3 de abril, mas optou por não se vacinar. Outro argumento do presidente para não receber o imunizante é o de já ter contraído o vírus em julho do ano passado. Segundo dados do consórcio de veículos de imprensa, 12,17% dos cidadãos brasileiros já foram vacinados com a primeira dose. Desde o início da pandemia, o Brasil contabiliza mais de 369 mil mortes por coronavírus.
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