Policiais foram flagrados atirando em dois suspeitos dentro de carro Reprodução

Por IG - Último Segundo
Rio - Familiares de dois jovens negros assassinados a tiros pela Polícia Militar de São Paulo, em Santo Maro, zona sul, no dia 9 de junho, prestaram depoimento às polícias. A esposa de uma das vítimas, Felipe Barbosa da Silva, 23, informou que o marido ligou para ela dando sua localização e afirmando que seria assassinado pelos PMs. Felipe ainda disse que amava a filha de apenas um ano de idade. A ligação de Felipe durou apenas 50 segundos e foi feita às 19h20."Moiô, moiô, eles vão matar a gente", disse. As informações são do UOL.
Antes de desligar, também pediu que a esposa avisasse à família de Vinícius Alves Procópio, 19, segunda vítima, que estava com Felipe no carro. Os PMs alegam terem perseguiram o veículo após os dois jovens terem cometido um roubo e fugido. As mortes ocorreram dentro do carro. As imagens da cena do crime viralizaram nas redes sociais no último domingo, 13. Dois policiais atiram ininterruptamente contra Felipe e Vinícius. Segundo a perícia, ambos os corpos tinham mais de 20 marcas de tiros. Nenhum dos dois tinha antecedente criminal. No boletim de ocorrência (B.O.) consta que foi encontrado um cartucho da munição 380 milímetros na roupa de Felipe, além de um título de eleitor e um cartão bancário no nome de uma mulher no porta-luvas.
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Também no B.O., a delegada responsável pelo caso afirma que "não se verifica aparente ilegalidade na conduta dos PMs". Ela também cita, em defesa aos agentes, o "excludente de ilicitude", dizendo que os PMs reagiram para "para salvar suas próprias vidas" e "usaram moderadamente dos meios necessários".
Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2020, o levantamento mais recente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 74,4% das vítimas de homicídio no Brasil foram negros em 2019. Entre os mortos por policiais, o número sobe: 79,1%. Não há dados oficiais nacionais sobre homicídios ou sobre mortes provocadas por policiais. O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios da Polícia Civil e pela Corregedoria da Polícia Militar.
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Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) disse que os três PMs foram encaminhados ao Presídio Militar Romão Gomes, onde estão presos preventivamente. "A Polícia Militar não compactua com desvios de comportamento e se mantém diligente em relação às denúncias ou indícios de transgressões ou crimes cometidos por seus agentes".