O grupo mundial que se uniu em prol das vacinas contra a covid-19, a Gavi - entidade que administra a Covax Facility - ofereceu ao governo Bolsonaro uma proposta de compra de 86 milhões de doses dos imunizantes contra a Covid - suficiente para vacinar 20% da população brasileira. O Planalto, porém, recusou a oferta e optou por adquirir apenas 43 milhões de doses. As informações são do jornalista Jamil Chade.A primeira reunião realizada pela GAVI, que visava organizar um consórcio em prol da aquisição de vacinas contra a covid-19 ocorreu em abril de 2020. O Brasil foi convidado, mas se ausentou do evento alegando que havia "outras parcerias em vista". A atitude não foi bem recebida pelo grupo. Meses depois, em julho de 2020, o ministério das Relações Exteriores - chefiado por Ernesto Araújo - manifestou interesse em integrar o consórcio. A troca de telegramas sigilosos entre o Itamaraty em Brasília e a embaixadora Maria Nazareth Farani Azevedo, que atuou na missão do Brasil em Genebra, indica que o governo brasileiro sabia que seria beneficiado ao aceitar a oferta inicial, mas optou por "ganhar tempo" ao arrastar o processo de inclusão do Brasil no consórcio.No documento, o Itamaraty reconhece que a integração com a Covax Facility daria ao Brasil "acesso a futuras vacinas contra a covid-19 a preços inferior aos do mercado" e "o mesmo mecanismo serviria para compartilhar riscos entre maior número de países e, ao mesmo tempo, enviar sinais ao desenvolvedores/produtores de que haverá mercado para venda das futuras vacinas."