Fachada do edifício-sede da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)Marcelo Camargo/Agência Brasil
Publicado 29/07/2021 11:07 | Atualizado 29/07/2021 11:16
Rio - Casos raros de síndrome de Guillain-Barré (SGB) após a vacinação contra covid-19 têm sido relatados em diversos países, inclusive no Brasil. Em um comunicado divulgado nesta quarta-feira, 28, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que, até o momento, recebeu 27 notificações de casos suspeitos de SGB após a imunização com a vacina da AstraZeneca, além de três casos com o imunizante da Janssen e outros quatro com a CoronaVac, totalizando 34 registros.

De acordo com a agência, o SGB é um distúrbio neurológico autoimune raro, no qual o sistema imunológico danifica as células nervosas. A Anvisa explicou que os episódios pós-vacinação (eventos adversos) também são raros, mas já conhecidos e relacionados a outras vacinas, como a da influenza (gripe).

O órgão esclareceu ainda que maioria das pessoas se recupera totalmente do distúrbio. Ainda conforme a agência, o principal risco provocado pela síndrome é quando ocorre o acometimento dos músculos respiratórios. Nesse último caso, a SGB pode levar à morte, caso não sejam adotadas as medidas adequadas.

"É importante destacar que a Anvisa mantém a recomendação pela continuidade da vacinação com todas as vacinas contra o coronavírus aprovadas pela agência, dentro das indicações descritas em bula, uma vez que, até o momento, os benefícios das vacinas superam os riscos", disse a Anvisa em nota.

"Diante dos relatos de eventos adversos raros pós-vacinação, a agência solicitou que as empresas responsáveis pela regularização das vacinas AstraZeneca, Janssen e CoronaVac incluam nas bulas dos respectivos produtos informações sobre o possível risco de SGB", acrescentou o órgão em comunicado.
Sinais e sintomas

Segundo a Anvisa, a maior parte dos pacientes percebe inicialmente a SGB pela sensação de dormência ou queimação nas extremidades dos membros inferiores (pés e pernas) e, em seguida, superiores (mãos e braços). Outra característica, percebida em pelo menos 50% dos casos, é a presença de dor neuropática (provocada por lesão no sistema nervoso) lombar ou nas pernas. Fraqueza progressiva é o sinal mais perceptível, ocorrendo geralmente nesta ordem: membros inferiores, braços, tronco, cabeça e pescoço.

A agência informou que pessoas vacinadas devem procurar atendimento médico imediato se desenvolverem sinais e sintomas sugestivos de SGB, que incluem, ainda, visão dupla ou dificuldade em mover os olhos, dificuldade de engolir, falar ou mastigar. Também devem ficar atentas a problemas de coordenação e instabilidade, dificuldade em caminhar, sensações de formigamento nas mãos e pés, fraqueza nos membros, tórax ou rosto, além de problemas com o controle da bexiga e função intestinal.

O órgão ressaltou que os profissionais de saúde devem ficar atentos para os sinais e sintomas de SGB para garantir o diagnóstico correto, a fim de iniciar os cuidados de suporte e tratamento adequados e descartar outras causas.

Notificação

A ocorrência de SGB pós-vacinação contra covid-19 deverá ser relatada à Anvisa. "É imprescindível o cuidado na identificação do tipo de vacina suspeita de provocar o evento adverso, como número de lote e fabricante", explicou em nota.

Profissionais de saúde e cidadãos podem notificar eventos adversos pelo e-SUS Notifica e pelo formulário web do VigiMed. Se o caso for de queixa técnica ou de desvios de qualidade observados em vacinas, seringas, agulhas e outros produtos para saúde utilizados no processo de vacinação, as notificações devem ser feitas pelo Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária (Notivisa).

"Empresas detentoras de registro ou de autorização temporária de uso emergencial de vacina também devem usar o VigiMed para notificar eventos adversos e o Notivisa para queixas técnicas e desvios de qualidade", concluiu a agência em comunicado.
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