Publicado 07/09/2021 19:15
Brasília - O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello afirmou, em entrevista à revista VEJA, nesta terça-feira, 7, que os discursos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em Brasília e São Paulo "revelam a triste figura e a distorcida mente autocrática de um político medíocre sem noção dos limites éticos e constitucionais que devem pautar a conduta de um verdadeiro chefe de Estado que seja capaz de respeitar o dogma fundamental da separação de poderes".
Durante discurso na Avenida Paulista nesta tarde, o mandatário subiu o tom e voltou a fazer ataques contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O presidente disse, ainda, que "só Deus" pode tirá-lo da Presidência da República. Além disso, ele reforçou que apenas deixará o cargo "preso, morto ou com a vitória". E completou: "Quero dizer aos canalhas que eu nunca serei preso".
"Na realidade, Bolsonaro é um político que não está, como jamais esteve, à altura do cargo que exerce, pois lhe faltam estatura presidencial e senso de estadista! Com esses discursos ofensivos e transgressores da autonomia institucional do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, incompatíveis com os padrões mais elevados da Constituição democrática que nos rege, Bolsonaro degradou-se, ainda mais, em sua condição política de Presidente da República e despojou-se de toda respeitabilidade que imaginava possuir", acrescentou Mello à VEJA.
"Na realidade, Bolsonaro é um político que não está, como jamais esteve, à altura do cargo que exerce, pois lhe faltam estatura presidencial e senso de estadista! Com esses discursos ofensivos e transgressores da autonomia institucional do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, incompatíveis com os padrões mais elevados da Constituição democrática que nos rege, Bolsonaro degradou-se, ainda mais, em sua condição política de Presidente da República e despojou-se de toda respeitabilidade que imaginava possuir", acrescentou Mello à VEJA.
"É preciso repelir, por isso mesmo, os ensaios autocráticos e os gestos e impulsos de subversão da institucionalidade praticados por aqueles que exercem o poder! Há que se ter sempre presente a grave advertência do saudoso e eminente Ministro Aliomar Baleeiro, do Supremo Tribunal Federal, em manifestação que recordava ao nosso país que, enquanto houver cidadãos dispostos a submeter-se e a curvar-se ao arbítrio e à prepotência do poder, sempre haverá vocação de ditadores”, destacou o ex-decano do STF em entrevista à revista.
Ataques ao Judiciário
Durante o discurso, Bolsonaro fez ataques novamente ao Poder Judiciário e especialmente ao ministro Alexandre de Moraes, do STF. O mandatário disse que não vai mais admitir ordens do ministro, que comanda o inquérito dos atos antidemocráticos e das fake news.
"Não vamos mais admitir que pessoas como Alexandre de Moraes continuem a açoitar a nossa democracia e desrespeitar a nossa Constituição Federal. Ele teve todas as oportunidades para agir com respeito a todos nós, mas não agiu dessa maneira como continua a não agir", afirmou o presidente.
"Não vamos mais admitir que pessoas como Alexandre de Moraes continuem a açoitar a nossa democracia e desrespeitar a nossa Constituição Federal. Ele teve todas as oportunidades para agir com respeito a todos nós, mas não agiu dessa maneira como continua a não agir", afirmou o presidente.
Diante de apoiadores pedindo "liberdade", Bolsonaro disse que defende a democracia, mas que não pode aceitar participar de uma "eleição que não oferece qualquer segurança". Sem mencionar nominalmente o ministro Luís Roberto Barroso, disse ainda que o sistema eleitoral não pode ser definido por uma única pessoa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ele também citou que tem poder para afastar seus ministros e voltou a defender o voto impresso, que já foi reprovado pelo Congresso Nacional. "Se ele não se enquadra, eu demito", afirmou. "No Legislativo, não é diferente." Ele acrescentou: "Queremos eleições limpas, democráticas, com voto auditável e contagem pública", afirmou o presidente. "Não posso participar de uma farsa".
Ao discursar para apoiadores na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, na manhã desta terça-feira, o presidente da República afirmou que um chefe de Poder deve "enquadrar o seu" ou vai "sofrer aquilo que não queremos". Ele não citou nominalmente a quem se referia, mas criticou quem estaria, de acordo com ele, "barbarizando a população".
"Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse Poder enquadra o seu ou esse Poder pode sofrer aquilo que nós não queremos", discursou o presidente. O ministro Alexandre de Moraes é o principal alvo das manifestações de apoiadores de Bolsonaro.
"Não mais aceitaremos qualquer medida, qualquer ação ou qualquer sentença que venha de fora das quatro linhas da Constituição. Nós também não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando a nossa população", discursou o mandatário.
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