Publicado 11/09/2021 19:49 | Atualizado 11/09/2021 19:51
São Paulo - Alvo das críticas de apoiadores por divulgar nota na qual indica recuo em relação às ameaças feitas ao Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro e seus aliados se mobilizaram para conter o desgaste em sua base. Bolsonaro e alguns de seus apoiadores mais próximos passaram o dia usando as redes sociais e dando declarações negando que tenha havido algum recuo político depois das manifestações antidemocráticas no 7 de Setembro.
A narrativa difundida por canais e influenciadores bolsonaristas é a de que o presidente apenas adotou o que seria uma "estratégia de estadista", moderando suas falas para não prejudicar a economia, mas que isso lhe garantiria, segundo esta versão, supostas vantagens na pressão contra o Supremo.
A tática foi definida ainda na quinta-feira, em meio ao impacto político provocado pela divulgação da nota, quando seguidores do presidente o acusaram de traição. Ontem, o próprio Bolsonaro tentou amenizar as queixas afirmando que não tinha recuado. "Alguns querem que vá lá e degole todo mundo", declarou o presidente em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada. "O que acontece? Cada um fala o que quiser. O cara não lê a nota e reclama. Leia a nota, duas, três vezes. É bem curtinha, são dez pequenos itens. Entende. Se o dólar dispara, influencia o combustível", disse ele.
Bolsonaro também justificou a preocupação com a economia para explicar por que pediu para que caminhoneiros desobstruíssem as estradas. "Você quando quer matar um verme, às vezes mata a vaca Até domingo, se ficar parado, a gente vai sentir, mas se passar disso, complica a economia do Brasil. Ninguém está recuando. Não pode ir para o tudo ou nada."
Dois dias antes, em discurso na Avenida Paulista, Bolsonaro havia chamado o ministro Alexandre de Moraes, do STF, de "canalha" e afirmou que iria desobedecer às decisões do magistrado. As declarações levaram a uma forte reação do presidente da Corte, Luiz Fux, e de partidos de centro, que intensificaram as discussões sobre impeachment.
Bolsonaro, então, divulgou a nota na qual atribuiu as declarações ao "calor do momento" e disse que não teve "nenhuma intenção e agredir quaisquer dos Poderes". No texto, ainda elogiou Moraes. A "bandeira branca", porém, foi vista com ceticismo tanto no Supremo quanto no Congresso.
No mesmo dia, bolsonaristas já sabiam que precisavam agir rápido para tentar frear o desgaste entre os aliados. Ainda na noite de anteontem, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente, foi o primeiro a indicar o tom do discurso. Publicou na sua conta do Instagram uma foto do pai com a legenda "Confiem no capitão". Em seguida, influenciadores bolsonaristas passaram a afirmar que todo o movimento, incluindo o encontro com o ex-presidente Michel Temer, que ajudou a formular a nota, fazia parte de um "plano maior".
Outro filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), revelou a preocupação dos aliados. "Muitas pessoas me perguntavam o que falar para a base. Minha sugestão: se não sabe o que falar, fique quieto", escreveu nas suas redes.
A manobra provocou reviravoltas no comportamento dos bolsonaristas mais críticos, que mudaram de tom e passaram a elogiar Bolsonaro. "Ele (Bolsonaro) está fazendo um trabalho que nunca poderia ter feito se não fossem os movimentos dos dias 7, 8, 9 e 10 de setembro. Hoje, o Brasil alcança sua liberdade de expressão. Isso está garantido neste acordo, e além disso a harmonia entre os Poderes será, a partir de hoje, lei. Nenhum poder poderá mais", afirmou o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, o "Zé Trovão", que é foragido da Justiça, em vídeo no qual anunciou o fim das paralisações nas estradas. Na véspera, ele criticou o pedido de Bolsonaro para cessar os bloqueios e disse que os protestos continuariam.
Militares
A narrativa difundida por canais e influenciadores bolsonaristas é a de que o presidente apenas adotou o que seria uma "estratégia de estadista", moderando suas falas para não prejudicar a economia, mas que isso lhe garantiria, segundo esta versão, supostas vantagens na pressão contra o Supremo.
A tática foi definida ainda na quinta-feira, em meio ao impacto político provocado pela divulgação da nota, quando seguidores do presidente o acusaram de traição. Ontem, o próprio Bolsonaro tentou amenizar as queixas afirmando que não tinha recuado. "Alguns querem que vá lá e degole todo mundo", declarou o presidente em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada. "O que acontece? Cada um fala o que quiser. O cara não lê a nota e reclama. Leia a nota, duas, três vezes. É bem curtinha, são dez pequenos itens. Entende. Se o dólar dispara, influencia o combustível", disse ele.
Bolsonaro também justificou a preocupação com a economia para explicar por que pediu para que caminhoneiros desobstruíssem as estradas. "Você quando quer matar um verme, às vezes mata a vaca Até domingo, se ficar parado, a gente vai sentir, mas se passar disso, complica a economia do Brasil. Ninguém está recuando. Não pode ir para o tudo ou nada."
Dois dias antes, em discurso na Avenida Paulista, Bolsonaro havia chamado o ministro Alexandre de Moraes, do STF, de "canalha" e afirmou que iria desobedecer às decisões do magistrado. As declarações levaram a uma forte reação do presidente da Corte, Luiz Fux, e de partidos de centro, que intensificaram as discussões sobre impeachment.
Bolsonaro, então, divulgou a nota na qual atribuiu as declarações ao "calor do momento" e disse que não teve "nenhuma intenção e agredir quaisquer dos Poderes". No texto, ainda elogiou Moraes. A "bandeira branca", porém, foi vista com ceticismo tanto no Supremo quanto no Congresso.
No mesmo dia, bolsonaristas já sabiam que precisavam agir rápido para tentar frear o desgaste entre os aliados. Ainda na noite de anteontem, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente, foi o primeiro a indicar o tom do discurso. Publicou na sua conta do Instagram uma foto do pai com a legenda "Confiem no capitão". Em seguida, influenciadores bolsonaristas passaram a afirmar que todo o movimento, incluindo o encontro com o ex-presidente Michel Temer, que ajudou a formular a nota, fazia parte de um "plano maior".
Outro filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), revelou a preocupação dos aliados. "Muitas pessoas me perguntavam o que falar para a base. Minha sugestão: se não sabe o que falar, fique quieto", escreveu nas suas redes.
A manobra provocou reviravoltas no comportamento dos bolsonaristas mais críticos, que mudaram de tom e passaram a elogiar Bolsonaro. "Ele (Bolsonaro) está fazendo um trabalho que nunca poderia ter feito se não fossem os movimentos dos dias 7, 8, 9 e 10 de setembro. Hoje, o Brasil alcança sua liberdade de expressão. Isso está garantido neste acordo, e além disso a harmonia entre os Poderes será, a partir de hoje, lei. Nenhum poder poderá mais", afirmou o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, o "Zé Trovão", que é foragido da Justiça, em vídeo no qual anunciou o fim das paralisações nas estradas. Na véspera, ele criticou o pedido de Bolsonaro para cessar os bloqueios e disse que os protestos continuariam.
Militares
A ala militar do governo também foi acionada para acalmar a base Os ministros Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria-Geral da Presidência, e Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, ambos generais, usaram as redes sociais para divulgar a versão de que não houve recuo e pedir "paciência".
Levantamentos feitos nas redes sociais mostram que a "operação abafa" montada pelo governo começou a dar resultado. Segundo monitoramento da ModalMais & AP Exata, as menções positivas a Bolsonaro ontem "recuperaram 2 pontos, devido à narrativa bem-sucedida sobre recuo estratégico de Bolsonaro". "A confiança também acompanhou o crescimento."
De acordo com análise da Bites Consultoria, "o grupo mais organizado se reestruturou e criou uma estratégia de contenção do problema que coloca Bolsonaro no papel de pacificador, não para a opinião pública, e sim para os seus seguidores". Diferentemente do que ocorreu após a saída de Sérgio Moro do governo, quando Bolsonaro perdeu cerca de 55 mil seguidores, desta vez ele ganhou 4,2 mil nos últimos dois dias.
Levantamentos feitos nas redes sociais mostram que a "operação abafa" montada pelo governo começou a dar resultado. Segundo monitoramento da ModalMais & AP Exata, as menções positivas a Bolsonaro ontem "recuperaram 2 pontos, devido à narrativa bem-sucedida sobre recuo estratégico de Bolsonaro". "A confiança também acompanhou o crescimento."
De acordo com análise da Bites Consultoria, "o grupo mais organizado se reestruturou e criou uma estratégia de contenção do problema que coloca Bolsonaro no papel de pacificador, não para a opinião pública, e sim para os seus seguidores". Diferentemente do que ocorreu após a saída de Sérgio Moro do governo, quando Bolsonaro perdeu cerca de 55 mil seguidores, desta vez ele ganhou 4,2 mil nos últimos dois dias.
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