Publicado 23/09/2021 17:01
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) concedeu uma entrevista no dia 10 deste mês a dois ativistas alemães no Palácio do Planalto. Sem apresentar dados, o chefe do Executivo disse que houve uma supernotificação dos casos e de mortes por Covid-19 no Brasil, além de acusar hospitais de internarem pessoas para lucrar com o Sistema Único de Saúde (SUS) e garantiu que a contaminação imuniza seis vezes mais que vacina Coronavac.
Durante a entrevista, Bolsonaro retomou o discurso sobre a supernotificação de casos de Covid-19 e afirmou que hospitais diagnosticaram pacientes com Covid-19 para serem internados nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) para aumentar os lucros.
"Uma pessoa com Covid na UTI de um hospital público custa cerca de R$ 2 mil por dia. Para outras doenças o custo é de R$ 1 mil, metade do custo. Então, muitas pessoas humildes, quando iam ao médico e precisavam ser internadas, eram enviadas à UTI, porque o hospital ganharia mais dinheiro. Então houve uma supernotificação, mas você só descobre a supernotificação dois ou três anos depois", disse.
Bolsonaro disse, sem citar quais são os estudos, que há análises que indicam que o vírus contém seis vezes mais anticorpos do que a vacina. “Estudos confiáveis indicam que os contaminados pelo vírus têm mais anticorpos do que quem vacinou-se. Seis vezes mais. Então, eu não estou preocupado”.
O presidente ainda disse que não obrigaria ninguém a se vacinar e atacou o imunizante, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de forma emergencial, distribuído pelo Instituto Butantan. “Como posso mandar as pessoas tomarem a Coronavac se não há evidência científica da sua eficácia? É experimental”.
A entrevista foi concedida para os negacionistas Vicky Richter e Markus Haintz, ligados ao Querdenken (tradução livre: "pensamento lateral” em alemão), movimento que organizou no ano passado protestos contra as medidas de isolamento do governo alemão para frear a pandemia de covid-19. Haintz, em agosto, chegou a ser detido pela polícia durante um protesto em Berlim e foi demitido de uma universidade, onde era professor, por suas convicções negacionistas.
O Facebook já baniu uma série de mensagens do movimento por publicações que contrariam estudos científicos. Em discursos e publicações, Haintz afirma que a Alemanha é “uma ditadura” sob a chanceler federal Angela Merkel.
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