Publicado 27/09/2021 14:58
São Paulo - Pesquisadores da Rede de Pesquisa Solidária identificaram que homens negros e mulheres brancas e negras possuem um risco significantemente maior de falecer de covid-19 do que homens brancos no país. A conclusão baseia-se nos dados e estatísticas oficiais sobre os milhares de brasileiros mortos em 2020. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Ian Prates, sociólogo coordenador da pesquisa e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), revela que a expectativa era de que "a mortalidade dos negros era maior porque trabalhavam em atividades mais expostas ao vírus, mas nem sempre isso é verdade".
Os dados examinados pelos pesquisadores foram extraídos do Sistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde. Nele, consta informações de 67,5 mil pessoas que faleceram vítimas de covid-19 no último ano - amostra equivalente a um terço de todo o número de óbitos da doença.

Houve mais óbitos por covid em grupos ocupacionais - como comércio e serviçoc, com 6.420 mortos; agricultura, com 3.384; e transportes, com 3.367. Porém, outros setores sentiram o impacto em termos relativos, como é o caso dos profissionais de saúde, com 24% de todas as vítimas; e praças das Forças Armadas, policiais militares e bombeiros, com 25%.

Para os homens negros, há um risco maior do que os enfrentados pelos brancos. A única exceção foi a agricultura, mas mesmo em setores como a advocacia e engenheiros, há uma mortalidade de 43% e 44% maior, respectivamente, enfrentada pela população negra. 
"O fato de o risco ser maior até para os que exercem profissões de nível superior como essas mostra o tamanho da nossa tragédia. Isso sugere que mesmo negros que ascenderam profissionalmente continuam expostos a fatores de risco que aprofundam desigualdades".

Uma hipóteses levantada seria a da inseção precária de negros no mercado de trabalho, em trabalhos sem vínculos empregatícios ou em empresas de menor porte. Com isso, estes ocupariam uma posição de maior vulnerabilidade na pandemia.
Leia mais