Publicado 02/10/2021 22:17
Brasília - O prolongamento da pandemia de covid-19 e a redução da procura de serviços médicos por parte das mulheres têm preocupado especialistas da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). Segundo a entidade, houve queda de 70% na presença de mulheres nas unidades hospitalares.
No Outubro Rosa, mês de conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, a entidade reforça a importância da realização de exames preventivos e visitas regulares ao médico.
A campanha Quanto Antes Melhor chama a atenção para a necessidade de adoção de um estilo de vida que inclua a prática de atividades físicas e uma alimentação saudável, minimizando riscos não só do câncer de mama, como de muitas outras doenças. Outra mensagem-chave da entidade diz respeito ao início imediato de tratamento, logo após o diagnóstico, aumentando a sobrevida e chances de cura da paciente.
O presidente da SBM, o médico mastologista Vilmar Marques, alerta que o atual contexto requer muita atenção devido ao quadro pandêmico que reduziu a procura e a realização de exames preventivos.
De janeiro a julho de 2020, o número de mamografias realizadas caiu 45% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Câncer de Mama, em parceria com a SBM.
"Mastologistas da SBM em todo o Brasil monitoraram essa movimentação que, certamente, variou de região para região, porém em todo o território nacional houve queda na procura por exames preventivos e tratamento", afirma Marques.
O especialista alerta que as consequências da redução do rastreamento no último ano não são boas. “O câncer não espera. As mulheres que deixaram de realizar os exames preventivos correram e correm o risco de, se diagnosticadas, terem avançado na doença, pois de um modo geral, o tumor demora cerca de 10 anos para atingir um centímetro, porém, a partir daí a cada 6 meses tende a dobrar de tamanho, avançando muito rapidamente, claro, tendo suas especificações de tipo de câncer”, alerta.
Por isso, o diagnóstico precoce é tão importante. “Insistimos na mensagem do diagnóstico precoce porque realmente ele é determinante para a paciente e suas chances de passar por tratamento e cirurgias menos invasivas, além da real chance de cura. No Brasil, cerca de 25% a 30% dos cânceres de mama são diagnosticado em estágio avançado”, afirma o médico.
Para ele, a crise econômica causada pela pandemia, que levou muitas famílias a abandonarem seus planos de saúde, é um dos um dos motivos pela baixa procura nos exames, mas não o principal. “Este é um dos fatores, mas não o principal. O principal foi o isolamento social, sem dúvida alguma”.
Ele lembra que, além do Sistema Único de Saúde (SUS), as mulheres podem fazer os exames de forma gratuita nas instituições filantrópicas como as Santas Casas e outras entidades assistenciais.
“Compreendemos a nossa impotência diante da pandemia e do isolamento social que foi necessário em certo período. Mas, agora, com o avanço da vacinação, é primordial que não só seja retomada a rotina de tratamento, como acelerada. Quanto antes retomar, melhor", alerta o mastologista.
Confiança na cura
No Outubro Rosa, mês de conscientização sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, a entidade reforça a importância da realização de exames preventivos e visitas regulares ao médico.
A campanha Quanto Antes Melhor chama a atenção para a necessidade de adoção de um estilo de vida que inclua a prática de atividades físicas e uma alimentação saudável, minimizando riscos não só do câncer de mama, como de muitas outras doenças. Outra mensagem-chave da entidade diz respeito ao início imediato de tratamento, logo após o diagnóstico, aumentando a sobrevida e chances de cura da paciente.
O presidente da SBM, o médico mastologista Vilmar Marques, alerta que o atual contexto requer muita atenção devido ao quadro pandêmico que reduziu a procura e a realização de exames preventivos.
De janeiro a julho de 2020, o número de mamografias realizadas caiu 45% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Câncer de Mama, em parceria com a SBM.
"Mastologistas da SBM em todo o Brasil monitoraram essa movimentação que, certamente, variou de região para região, porém em todo o território nacional houve queda na procura por exames preventivos e tratamento", afirma Marques.
O especialista alerta que as consequências da redução do rastreamento no último ano não são boas. “O câncer não espera. As mulheres que deixaram de realizar os exames preventivos correram e correm o risco de, se diagnosticadas, terem avançado na doença, pois de um modo geral, o tumor demora cerca de 10 anos para atingir um centímetro, porém, a partir daí a cada 6 meses tende a dobrar de tamanho, avançando muito rapidamente, claro, tendo suas especificações de tipo de câncer”, alerta.
Por isso, o diagnóstico precoce é tão importante. “Insistimos na mensagem do diagnóstico precoce porque realmente ele é determinante para a paciente e suas chances de passar por tratamento e cirurgias menos invasivas, além da real chance de cura. No Brasil, cerca de 25% a 30% dos cânceres de mama são diagnosticado em estágio avançado”, afirma o médico.
Para ele, a crise econômica causada pela pandemia, que levou muitas famílias a abandonarem seus planos de saúde, é um dos um dos motivos pela baixa procura nos exames, mas não o principal. “Este é um dos fatores, mas não o principal. O principal foi o isolamento social, sem dúvida alguma”.
Ele lembra que, além do Sistema Único de Saúde (SUS), as mulheres podem fazer os exames de forma gratuita nas instituições filantrópicas como as Santas Casas e outras entidades assistenciais.
“Compreendemos a nossa impotência diante da pandemia e do isolamento social que foi necessário em certo período. Mas, agora, com o avanço da vacinação, é primordial que não só seja retomada a rotina de tratamento, como acelerada. Quanto antes retomar, melhor", alerta o mastologista.
Confiança na cura
A costureira Maria Gorete da Costa Majewski conta que sempre foi muito cuidadosa com a sua saúde. Por isso, apesar da pandemia, não deixou de fazer as consultas e os exames de rotina. Foi numa dessas consultas que ela descobriu o câncer de mama, aos 61 anos.
“Havia feito a mamografia em setembro de 2020 e meu médico me deu o pedido para fazê-la novamente no começo deste ano. Fiz na primeira semana de março. Quando levei para o meu ginecologista, notei que o semblante dele ficou diferente ao verificar as imagens. Ele é meu médico há 34 anos e me encaminhou para uma mastologista de confiança. Na mesma semana consegui marcar a consulta e levei a mamografia para ela ver. A partir daí começou a minha luta, fiz diversos exames, até chegar na biópsia que constatou o linfoma muito invasivo.”
“Havia feito a mamografia em setembro de 2020 e meu médico me deu o pedido para fazê-la novamente no começo deste ano. Fiz na primeira semana de março. Quando levei para o meu ginecologista, notei que o semblante dele ficou diferente ao verificar as imagens. Ele é meu médico há 34 anos e me encaminhou para uma mastologista de confiança. Na mesma semana consegui marcar a consulta e levei a mamografia para ela ver. A partir daí começou a minha luta, fiz diversos exames, até chegar na biópsia que constatou o linfoma muito invasivo.”
Ela acredita que ter mantido os exames de rotina em dia, apesar da pandemia, a ajudou a descobrir logo a doença. “Mesmo estando numa pandemia não deixei de fazer meus exames de rotina, foi minha sorte. Quando soube do resultado da biópsia, a primeira reação é de questionar: por que eu que sempre faço meus exames em dia estou com esta doença? Mas, depois, mais calma, aceitei que não sou melhor que ninguém, vou enfrentar essa doença. Em nenhum momento tive medo de começar o tratamento por estarmos em uma pandemia, só pensei que precisava me livrar dessa doença.”
Maria Gorete fez uma cirurgia e segue com o tratamento. “A mesma mastologista que me acolheu desde o início fez a minha cirurgia. O linfoma tinha seis milímetros. Estou fazendo quimioterapia branca, são 12 sessões e já fiz dez, faço toda sexta-feira e a cada 21 dias tomo uma vacina. Quando acabar as quimioterapias, iniciarei as sessões de radioterapia que serão 15, de segunda a sexta. O tratamento é longo, não é fácil, acho que o pior, para mim, foi quando tive que raspar minha cabeça, estou careca, usando touca o dia todo, não consigo me ver sem cabelo o dia todo, consegui uma peruca numa ONG, mas não é a mesma coisa que ter o nosso cabelo.”
A costureira, que mora em Belo Horizonte, aconselha a todas que estão começando ou já fazem tratamento a não pensar no lado negativo. “É uma fase ruim que iremos vencer, não descuide da saúde, se alimente direito, viva um dia de cada vez, sem pensar no pior, somos fortes.”
Ela ainda faz um alerta para quem deixou de ser cuidar durante a pandemia. “O câncer parece que veio com força total na pandemia, muitas pessoas não estão se cuidando, fazendo os exames de rotina. Não foi o meu caso porque sou muito taxativa quando se trata de saúde e, mesmo assim, estou enfrentando a doença. Espero poder ajudar a alertar as pessoas que não estão se cuidando.”
Rastreamento seguro
Maria Gorete fez uma cirurgia e segue com o tratamento. “A mesma mastologista que me acolheu desde o início fez a minha cirurgia. O linfoma tinha seis milímetros. Estou fazendo quimioterapia branca, são 12 sessões e já fiz dez, faço toda sexta-feira e a cada 21 dias tomo uma vacina. Quando acabar as quimioterapias, iniciarei as sessões de radioterapia que serão 15, de segunda a sexta. O tratamento é longo, não é fácil, acho que o pior, para mim, foi quando tive que raspar minha cabeça, estou careca, usando touca o dia todo, não consigo me ver sem cabelo o dia todo, consegui uma peruca numa ONG, mas não é a mesma coisa que ter o nosso cabelo.”
A costureira, que mora em Belo Horizonte, aconselha a todas que estão começando ou já fazem tratamento a não pensar no lado negativo. “É uma fase ruim que iremos vencer, não descuide da saúde, se alimente direito, viva um dia de cada vez, sem pensar no pior, somos fortes.”
Ela ainda faz um alerta para quem deixou de ser cuidar durante a pandemia. “O câncer parece que veio com força total na pandemia, muitas pessoas não estão se cuidando, fazendo os exames de rotina. Não foi o meu caso porque sou muito taxativa quando se trata de saúde e, mesmo assim, estou enfrentando a doença. Espero poder ajudar a alertar as pessoas que não estão se cuidando.”
Rastreamento seguro
Para quem ainda não fez exames de rotina desde o início da pandemia e continua com receio de se expor aos ambientes clínicos e hospitalares, o presidente da SBM reforça que os locais estão aptos a atender as pacientes de forma segura.
“Todo o atendimento, seja no consultório, seja nas unidades hospitalares e centros cirúrgicos, está sendo realizado seguindo todos os protocolos sanitários e de segurança, respeitando rigorosamente as medidas de higienização que garantam a integridade de pacientes e equipe médica”.
Para quem acha que o autoexame é suficiente, o especialista afirma que ele é importante, mas deve ser associado ao exame clínico. “Conhecer o corpo é de extrema importância para qualquer indivíduo, principalmente, a mulher. O autoexame possibilita você se conhecer, porém ele não basta. O exame clínico realizado pelo mastologista somado aos exames de imagem, dentre eles, a mamografia, que é o mais eficaz para detectar o câncer de forma precoce, são insubstituíveis”.
Fatores de risco
“Todo o atendimento, seja no consultório, seja nas unidades hospitalares e centros cirúrgicos, está sendo realizado seguindo todos os protocolos sanitários e de segurança, respeitando rigorosamente as medidas de higienização que garantam a integridade de pacientes e equipe médica”.
Para quem acha que o autoexame é suficiente, o especialista afirma que ele é importante, mas deve ser associado ao exame clínico. “Conhecer o corpo é de extrema importância para qualquer indivíduo, principalmente, a mulher. O autoexame possibilita você se conhecer, porém ele não basta. O exame clínico realizado pelo mastologista somado aos exames de imagem, dentre eles, a mamografia, que é o mais eficaz para detectar o câncer de forma precoce, são insubstituíveis”.
Fatores de risco
A SBM informa que diversos estudos revelam que o sobrepeso e a obesidade, além da falta de atividades físicas no dia a dia, aumentam os riscos para câncer de mama e ainda proporcionam uma má qualidade de vida para quem está em tratamento.
Um alto índice de massa corporal (IMC) no momento do diagnóstico pode reduzir a eficácia da quimioterapia à base de taxano, piorando os resultados de sobrevida. O taxano é uma droga lipofílica, assim a gordura presente no corpo da paciente pode absorver parte da droga antes que ela atinja o tumor. De acordo com esses estudos, pacientes com sobrepeso e obesidade tratadas com um regime de quimioterapia baseado no taxano tiveram sobrevida livre de doença e sobrevida global significativamente pior em comparação com pacientes magras tratados com o mesmo regime.
“O estilo de vida é determinante nesse sentido. Por isso, estamos pelo segundo ano consecutivo com o nosso mote Quanto Antes Melhor, visando a chamar a atenção da população para algumas medidas que amenizam esses riscos. Como a rotina de saúde preventiva, visitando regularmente o mastologista e, as mulheres a partir dos 40 anos, realizando anualmente a mamografia, pois o diagnóstico precoce é fundamental para evitar cirurgias radicais, além de aumentar consideravelmente as chances de cura”, reforça o Marques.
Dicas de hábitos para uma rotina saudável:
• Alimente-se bem e não fique muito tempo sem comer, ou seja, prefira comer em intervalos menores, em pequenas quantidades. Priorize os alimentos naturais e evite os alimentos industrializados.
• Evite o excesso de gorduras e carboidratos simples, como açúcar adicionado aos alimentos, doces, sucos de caixinha ou saquinho, refrigerantes, pão branco, macarrão, sempre preferindo as opções integrais.
• Procure ingerir proteínas de boa qualidade, principalmente frutas, legumes e verduras por serem fontes de vitaminas e minerais essenciais e ricas em fibras que ajudam na saciedade e no funcionamento adequado do intestino.
• Faça exercícios físicos durante a semana. O ideal são 150 minutos de exercícios físicos moderados divididos entre os cinco dias ou 75 minutos de exercícios vigorosos divididos pelos dias da semana.
• Planeje o seu dia alimentar e tente segui-lo.
Um alto índice de massa corporal (IMC) no momento do diagnóstico pode reduzir a eficácia da quimioterapia à base de taxano, piorando os resultados de sobrevida. O taxano é uma droga lipofílica, assim a gordura presente no corpo da paciente pode absorver parte da droga antes que ela atinja o tumor. De acordo com esses estudos, pacientes com sobrepeso e obesidade tratadas com um regime de quimioterapia baseado no taxano tiveram sobrevida livre de doença e sobrevida global significativamente pior em comparação com pacientes magras tratados com o mesmo regime.
“O estilo de vida é determinante nesse sentido. Por isso, estamos pelo segundo ano consecutivo com o nosso mote Quanto Antes Melhor, visando a chamar a atenção da população para algumas medidas que amenizam esses riscos. Como a rotina de saúde preventiva, visitando regularmente o mastologista e, as mulheres a partir dos 40 anos, realizando anualmente a mamografia, pois o diagnóstico precoce é fundamental para evitar cirurgias radicais, além de aumentar consideravelmente as chances de cura”, reforça o Marques.
Dicas de hábitos para uma rotina saudável:
• Alimente-se bem e não fique muito tempo sem comer, ou seja, prefira comer em intervalos menores, em pequenas quantidades. Priorize os alimentos naturais e evite os alimentos industrializados.
• Evite o excesso de gorduras e carboidratos simples, como açúcar adicionado aos alimentos, doces, sucos de caixinha ou saquinho, refrigerantes, pão branco, macarrão, sempre preferindo as opções integrais.
• Procure ingerir proteínas de boa qualidade, principalmente frutas, legumes e verduras por serem fontes de vitaminas e minerais essenciais e ricas em fibras que ajudam na saciedade e no funcionamento adequado do intestino.
• Faça exercícios físicos durante a semana. O ideal são 150 minutos de exercícios físicos moderados divididos entre os cinco dias ou 75 minutos de exercícios vigorosos divididos pelos dias da semana.
• Planeje o seu dia alimentar e tente segui-lo.
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