Publicado 18/10/2021 13:45
Brasília - Nesta segunda-feira, 18, a CPI da Covid realiza sua sessão de encerramento e ouve pessoas afetadas pela pandemia. Um dos depoimentos foi o de Giovanna Gomes Mendes da Silva, de 19 anos, que contou aos senadores a dificuldade de ter perdido pai e mãe, ficando responsável por criar a irmã de 10 anos.
A mãe da jovem tinha comorbidade, devido ao transplante de rim pelo qual havia passado. Após ser internada com a doença, ela passou oito dias intubada e veio a óbito. Dois dias depois, seu pai, que fazia tratamento de câncer, foi internado com covid-19. Apesar de ter se recuperado, a doença fragilizou seu sistema imunológico, agravando seu quadro e impedindo o tratamento do câncer. Ele passou 13 dias internado e, em seguida, veio a óbito.
“A gente não teve nem tempo de sofrer pela minha mãe. Minha mãe tinha falecido há dois dias e eu já tive que estar com o meu pai no hospital. Não podia ficar chorando no hospital na frente do meu pai, tinha que mostrar força”, disse a jovem em tom embargado. Veja:
A mãe da jovem tinha comorbidade, devido ao transplante de rim pelo qual havia passado. Após ser internada com a doença, ela passou oito dias intubada e veio a óbito. Dois dias depois, seu pai, que fazia tratamento de câncer, foi internado com covid-19. Apesar de ter se recuperado, a doença fragilizou seu sistema imunológico, agravando seu quadro e impedindo o tratamento do câncer. Ele passou 13 dias internado e, em seguida, veio a óbito.
“A gente não teve nem tempo de sofrer pela minha mãe. Minha mãe tinha falecido há dois dias e eu já tive que estar com o meu pai no hospital. Não podia ficar chorando no hospital na frente do meu pai, tinha que mostrar força”, disse a jovem em tom embargado. Veja:
Em seguida, os senadores ouviram Katia Shirlene Castilho dos Santos, que também perdeu pai e mãe para a covid-19. Ela conta que, uma semana antes de seu pai se vacinar, ele contraiu o vírus e, em seguida, sua mãe também foi infectada. A mãe era beneficiária da Prevent Senior e, após a realização de uma teleconsulta, recebeu a prescrição para tomar o “kit covid”.
“Como você vai falar para uma idosa de 71 anos que confia no convênio que aquele remédio que o médico mandou para ela, para cuidar dela, não estaria fazendo efeito?”, disse aos senadores. Assista:
“Como você vai falar para uma idosa de 71 anos que confia no convênio que aquele remédio que o médico mandou para ela, para cuidar dela, não estaria fazendo efeito?”, disse aos senadores. Assista:
Segundo Katia, poucos dias depois do início do tratamento a saturação de sua mãe começou a oscilar e, após levá-la a uma unidade de saúde da Prevent, nenhum exame específico foi feito. Segundo o médico, só com a saturação abaixo de 90% seria possível a realização de algum exame mais “profundo”.
Após uma piora no quadro de sua mãe, Katia retornou novamente ao hospital e, lá, descobriu que 50% do pulmão de sua mãe já estava comprometido. No mesmo dia, o pai que estava internado em um hospital público, faleceu.
“No dia em que meu pai faleceu, foi o pico da segunda onda da pandemia. Quando minha irmã chegou ao necrotério não estavam encontrando o corpo do meu pai, eram muitos corpos naquele necrotério. O rapaz que era responsável pediu ajuda dela para procurar o corpo do meu pai”, conta.
Com o agravamento do quadro de sua mãe, a mesma também faleceu vítima da covid-19 no dia 26 de abril deste ano. Segundo a depoente, durante o tratamento de sua mãe, médicos da Prevent fizeram uso de medicamentos como a flutamida sem o seu consentimento.
“Por isso que quando vemos um presidente da República imitando uma pessoa com falta de ar, isso para nós é muito doloroso (...) Esse lugar representa para mim uma vitória, porque eu sei que a justiça vai acontecer. Não são só números, são pessoas. O sangue dessas mais se 600 mil vítimas escorre nas mãos daqueles que subestimaram esse vírus”, disse Katia, que também pediu a todos que se vacinassem, lembrando que seus pais não tiveram essa oportunidade.
Em seguida, Marco Antônio do Nascimento Silva, contou durante o seu depoimento como foram os últimos momentos com o seu filho, Hugo, faleceu de covid em 2020.
Emocionado, Márcio narrou os últimos dias de vida de seu filho, quando ele começou a sentir cansaço e falta de ar. Ele disse ter acompanhado Hugo no hospital até o falecimento, e lembrou com pesar do dia em que teve de reconhecer o corpo do filho. "A última vez que o vi, ele estava dentro de um saco". Assista:
Pensão para órfãos da Covid
Pensão para órfãos da Covid
Anteriormente, o relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), confirmou que o relatório da CPI vai sugerir a criação de pensão, no valor de um salário mínimo, para as crianças órfãs da covid-19, até que elas completem 21 anos de idade. Ele também informou que a comissão vai sugerir a inclusão da covid-19 na relação de doenças que ensejam aposentadoria por invalidez quando a perícia médica atestar.
Sequelas da covid
Representando o Centro-Oeste, o jornalista Arquivaldo Bites Leão Leite contou aos senadores que perdeu seis parentes para a covid-19: o irmão caçula, dois primos, um tio e dois sobrinhos, além de amigos e de outras pessoas conhecidas.
O jornalista pegou o vírus há três meses e disse que teve um AVC, perdeu a audição de um dos ouvidos e hoje não consegue andar sozinho. Ele aproveitou para fazer críticas ao comportamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a pandemia e pediu que a CPI faça justiça e garanta a memória das vítimas. Para Arquivaldo, se não fosse a comissão, brasileiros "estariam chorando ainda mais vítimas agora".
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