Isentos ausentes no Enem 2020 terão nova oportunidade para se inscrever na edição 2021Rovena Rosa/Agência Brasil
Publicado 25/10/2021 07:00
Rio - Faltando quase um mês para a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), diversos estudantes se sentem ansiosos e despreparados para a prova. Nos dias 21 e 28 de novembro serão aplicadas as provas, tanto na versão presencial, quanto no modelo digital. Em 2021, o Enem registrou 3,1 milhões de inscrições confirmadas, o menor número desde 2005. Especialistas explicam o motivo e dão dicas de como se preparar na reta final.

As inscrições confirmadas são de candidatos que tiveram isenção da taxa e por estudantes que pagaram a taxa de R$ 85 até 19 de julho. O vestibular já havia registrado o menor número de inscrições desde 2007, com pouco mais de 4 milhões de alunos. No entanto, após a confirmação dos pagamentos, a queda foi maior ainda.

Professor de português e redação do Colégio Elite, Vitor Campos afirmou que a queda no número de inscrições se deve a uma série de fatores, e o maior deles é a incerteza que a pandemia trouxe aos estudantes. "Embora muitos pensem que os mais velhos sofrem mais com a pandemia, os mais jovens foram muito afetados com o ensino à distância", disse Campos.

"É evidente que a pandemia trouxe diversos malefícios à população, e o setor educacional, apesar de ter se reinventado com o ensino online, não consegue suprir os mesmos benefícios que a educação presencial oferece ao aluno. "A importância da relação entre alunos, professores e coordenadores no dia a dia da escola faz toda a diferença, não só no processo de aprendizagem, mas também no processo de socialização e de engajamento do aluno para prestar um concurso público".

De acordo com o professor, além da pandemia, um outro fator determinante para o baixo número de inscritos é a descredibilização do governo sobre as faculdades públicas do país. "O fato do governo federal descredibilizar a importância das universidades públicas afeta em muito o interesse dos alunos, principalmente alunos de classe média e classe média alta, que estão priorizando vestibulares para faculdades privadas", ressaltou ele.
Vitor ainda disse que, com o isolamento social e o EAD, muitos alunos perderam um senso de idealização do futuro por se inspirarem nos conteúdos disponíveis na internet. "Hoje tenho muitos alunos com milhões de seguidores no Tiktok e no Instagram. Vejo que antes da pandemia os jovens tinham outra visão de idealização do futuro, e hoje observo que muitos querem seguir uma carreira nessa era digital", concluiu o professor.

Após um ano letivo carregado de incertezas, o nervosismo e a insegurança tradicionais desse período tendem a se amplificar, trazendo ansiedade aos estudantes. A aluna Acuçena Mello, de 19 anos, afirma que o lado emocional deve ser trabalhado nessa reta final do vestibular. "É bem complicado se manter motivado quando todo mundo tem uma perspectiva ruim do futuro. Ficamos muito abalados com 2020, então, vir para 2021 tentando voltar ao normal e com a chegada do Enem, requer muito equilíbrio emocional. Eu acredito que o melhor a se fazer nessa reta final é trabalhar o psicológico e revisar tudo o que foi construído durante esse ano", concluiu a candidata.

Professores dão dicas de como se preparar na reta final do vestibular

O professor Filipe Araújo, coordenador pedagógico do Colégio e Curso AZ, afirma que revisar é preciso. "É muito importante fazer as revisões dos conteúdos de maior incidência nas provas. Uma forma de conseguir identificá-los é fazendo os últimos exames para, além de perceber os assuntos que mais caíram, conhecer o modelo da prova e a estrutura das questões". Abaixo algumas dicas:

Foco na matemática - ela é a única disciplina 100% das questões de uma área de conhecimento do Enem e já teve sua nota máxima maior que 1000 pontos.
Dividir o tempo de estudo - pode-se usar como referência a carga horária de aulas assistidas. Por exemplo, se na parte da manhã o aluno assiste 5 horas de aula, uma boa referência seria que ele conseguisse estudar pelo mesmo período no contraturno. Isto é, uma hora de estudo individual para cada uma hora de estudo em sala.
"Já quando o assunto é pausa entre os estudos, aconselhamos a aplicação da Técnica Pomodoro para os alunos que possuem maiores dificuldades em se manter concentrados. Essa técnica consiste em dividir os estudos em blocos de 30 minutos, sendo os primeiros 25 minutos totalmente focados nos estudos e, nos 5 minutos finais, o estudante faria atividades não relacionadas aos estudos como ir ao banheiro, responder alguma mensagem, etc".
Resolva exercícios - como os estudantes estão no último mês de estudos, uma boa estratégia é priorizar a resolução de exercícios. A partir disso, verificar os assuntos dos itens errados e usá-los como ponto de partida para as revisões da teoria.

Como alcançar a nota 1000 na redação do Enem
Como a maioria dos vestibulandos sabe, no formato atual do Enem, a redação recebe um grande peso no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e pode ser decisiva na classificação de um candidato em cursos concorridos, como Medicina, Direito ou Engenharia. Para auxiliar os estudantes que vão encarar a prova de redação do Enem, os professores de Língua Portuguesa e especialistas em redação, Elaine Antunes e Vítor Campos, deram dicas de como alcançar a nota máxima.
- Analise redações nota 1000 do último concurso, há muitas dessas redações disponíveis na internet. Como a banca organizadora da prova de Redação será a mesma dos últimos anos, ter como referência textos que foram considerados exemplares pode ajudar a criar um padrão para as próprias redações;
- Acompanhe os noticiários e faça um levantamento dos assuntos mais divulgados na mídia. Essa é uma excelente forma de criar bagagem informacional. Considerando os temas de redação que apareceram nos últimos dois concursos, acredita-se que o perfil será mantido. Ou seja, deve ser cobrado algum eixo temático envolvendo discussões da atualidade;
- Revise o que é abordado em cada uma das cinco competências, principalmente os pontos mais "sensíveis" de cada uma. Isso vai ajudar a fixar as exigências da banca para um texto considerado nota 1000;
- Caso ainda haja dúvidas sobre as exigências de cada competência, um ótimo exercício é, a partir de redações nota 1000, buscar reconhecer, para cada uma delas, o que fez com que o participante receba nota máxima. Por exemplo: circule todos os operadores argumentativos inter e intraparagrafais; conheça a tese e os argumentos; sublinhe os repertórios socioculturais, destacando quais informações os tornaram pertinentes, legitimados e produtivos e busque a proposta de intervenção, sinalizando os cinco elementos de intervenção (ação, agente, meio/modo, efeito e detalhamento);
- Separe todas as suas próprias redações feitas até aqui e reescreva cada uma, analisando erros e falhas. Isso vai ajudá-lo a lembrar o que não pode se repetir na prova;
- Além de reescrever as últimas redações, ler para si e para outras pessoas também é um ótimo exercício para perceber se o texto não apresenta truncamento de ideias. Uma leitura fluida mostra que as informações foram bem estruturadas no texto;
- Monte mapas mentais com possíveis repertórios socioculturais que se relacionam com diferentes eixos temáticos;
- Escolha de três a cinco temas de redação que ainda não tenham sido treinados. Em algum lugar que simule uma sala de aula (se possível, escolha uma sala de aula, de fato) e, de preferência, estando sozinho e em silêncio, treine o tempo de escrita. O ideal é que a redação seja finalizada em até 90 minutos. Passar desse tempo pode comprometer o desempenho nas outras disciplinas no dia da prova. Então, estabeleça uma meta: escreva cinco redações para temas que ainda não foram treinados em até 90 minutos para cada uma;
- Não procrastine. Não é hora de procrastinar e sim de treinar para a redação. Redação é treino, então chegou a hora de treinar muito. Focalize na escrita, na estrutura do texto, na construção e em boas argumentações;
- Ter repertório é super importante para o candidato. Quanto mais se tem informações e leitura sobre os principais acontecimentos do Brasil e do mundo, maior é a sua capacidade e qualidade de reflexão e de argumentação.
*Estagiária sob supervisão de Maria Clara Matturo
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