Publicado 08/12/2021 18:00 | Atualizado 08/12/2021 18:01
Porto Alegre - Durante depoimento no julgamento sobre o incêndio na boate Kiss nesta quarta-feira (08), Cezar Schirmer, que era prefeito em Santa Maria em 2013, descredibilizou o papel da Polícia Civil durante a investigação da tragédia.
"O inquérito foi feito pela imprensa. Não foi feita uma investigação sóbria, discreta, respeitosa com as famílias", afirmou.
Após a declaração do político, cerca de 15 pessoas, familiares e sobreviventes do incêndio, começaram a se retirar do Tribunal do Júri ao ouvirem que a prefeitura não tem responsabilidade na tragédia.
"Parecia que era um desejo de envolver a prefeitura de qualquer forma e eu me refiro só à prefeitura, não quero falar de outras questões ou de outras naturezas. De muitos pontos de vista essa investigação foi medíocre e espetaculosa", acrescentou o ex-prefeito.
"Um inquérito, quando morre uma pessoa, quando é assassinado alguém, leva seis meses, em torno disso, um pouco mais, um pouco menos. Esse inquérito levou 55 dias."
O ex-prefeito disse que cerca de 150 servidores da prefeitura foram chamados para depor e que foram tratados com "imenso desrespeito e grosseria", além de reclamações de truculência policial.
Cezar ainda critica o desenvolvimento do inquérito e afirma ser "muito ruim". "Acho que faltou coragem, isenção, respeitabilidade, competência aos responsáveis pelo inquérito, fizeram inquérito movido pelo noticiário da imprensa e de outras circunstâncias de natureza política. O inquérito é muito ruim, doutor. Desculpe fazer essa afirmação", diz o ex-prefeito.
Em contraponto ao político, Yara Rosa, mulher que perdeu o filho na tragédia, declarou que a polícia fez muito mais pelo caso do que a prefeitura.
"Os nossos delegados, as pessoas de Santa Maria, eles deram o sangue para fazer, as provas, todas, todas, e ele agora está desmentindo. Não existe essa possibilidade. Nós tivemos muito mais apoio da polícia do que da prefeitura", disse Rosa.
Schirmer foi a 25ª pessoa a ser ouvida no julgamento, em andamento há oito dias na capital gaúcha.
Julgamento
Quatro réus são julgados por 242 homicídios simples e por 636 tentativas de assassinato nove anos após a tragédia na Boate Kiss. O júri é considerado o maior da história do Judiciário gaúcho.
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