Julgamento do caso da boate Kiss entra no décimo dia e decisão deve sair também nesta sexta-feiraJuliano Verardi/TJRS
Publicado 10/12/2021 11:32
Rio Grande do Sul - Nesta sexta-feira, o julgamento chega ao décimo dia no Foro Central, em Porto Alegre, capital do estado gaúcho. A previsão é que os jurados se reúnam na sala secreta às 15h30 e, depois disso, a decisão das sentenças seja lida nesta sexta-feira.
A sessão começou com réplicas da acusação e, à tarde, as defesas terão mais 2 horas para a tréplica. O primeiro a falar foi o advogado pela acusação Amadeu Weinmann, que representa os familiares. Ele começou criticando a defesa pelo tratamento que foi dado ao Ministério Público durante o julgamento. "Ontem alguém ofendeu profundamente o Ministério Público. Em nome dos advogados, faço esse desagravo".
Weinmann argumentou sobre a necessidade dos réus serem responsabilizados em relação ao incêndio. "Mesmo que tenham agido com displicência, isso não isenta os réus. Não é possível que alguém que vá montar uma boate não mantenha, por exemplo, o número de extintores de incêndio necessário. E isso não foi atendido pelos proprietários, hoje réus", disse o advogado.
Ele continuou: "Não havia sinalização. Não se teve cuidado com a forração, com elementos extremamente incandescentes e inflamáveis. Foi colocado um elemento de ferro para afunilar a saída, para que se pudesse cobrar o que cada um gastou. Isso causou grande parte da desgraça que foi o incêndio da Boate Kiss", afirmou Weinmann.
O promotor do Ministério Público David Medina da Silva também criticou a atuação dos advogados de defesa. Antes de apresentar um depoimento de uma vítima, Medina lembrou da suposta carta psicografada lida pela defesa nesta quinta-feira e disse: "Vamos ouvir uma pessoa viva?".
"Cegueira deliberada é quando alguém, que tem a obrigação de saber, fecha os olhos. Cheio de gente lá dentro, ganhando muito dinheiro com uma boate superlotada e simplesmente ignorando o cuidado com as pessoas", argumentou Medina.
Em outro momento, o promotor falou sobre servir como lição para quem faz show com shows pirotécnicos. "Vocês têm o poder de dizer a todos os que tão organizando shows pirotécnicos 'cuidem das pessoas. Se não, é dolo", disse ele. 
"As defesas já ganharam faz muito tempo. Conseguiram afastar duas qualificadoras. A de ganância, embora eu tenha convicção de que aquele excesso de gente seja ganância. E também a morte por asfixia. Então não é mais crime hediondo, é um homicídio simples, que será punido com a pena de um homicídio. O que estamos pedindo é um absurdo?", argumentou Medina.
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