Publicado 10/12/2021 15:51 | Atualizado 10/12/2021 19:19
Curitiba - O ex-procurador da República e ex-coordenador-geral da Operação Lava-Jato, Deltan Dallagnol, assinou sua ficha de filiação ao Podemos nesta sexta-feira (10). O evento foi realizado no Hotel Mabu, em Curitiba, no Paraná.
Participaram da cerimônia o ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, que também se filiou ao partido em novembro, a presidente nacional da sigla Renata Abreu, os senadores Álvaro Dias, Oriovisto Guimarães e Flávio Arns, o deputado estadual Paulo Roberto da Costa, conhecido como Galo, e o presidente estadual do Podemos no Paraná, César Silvestre Filho.
A candidatura consolida a relação de proximidade do ex-procurador com Moro, duramente criticada por opositores quando os dois comandavam a Operação Lava Jato. Apresentado por Moro como o próximo deputado federal "mais votado do Paraná", Deltan disse que irá assinar uma carta suprapartidária, visando "colocar no Congresso Nacional 200 deputados com três compromissos básicos: democracia, combate a corrupção e preparação política".
Ao sustentar sua atuação como procurador no que chamou de "defesa do que é certo", reforçou a postura de Moro de colocar o combate à corrupção como mote da campanha de 2022. O ex-juiz também esteve no evento, mas foi embora antes da fala do recém-filiado. Do lado de fora, um pequeno protesto de um coletivo ligado ao PT o acusava de ter usado o Ministério Público para fins pessoais e ser "inelegível" para uma possível candidatura.
De acordo com fontes dos bastidores políticos, o plano do ex-procurador é concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados pelo Paraná nas eleições do ano que vem. Já Moro, pretende disputar o Palácio do Planalto.
No discurso de filiação, Deltan defendeu as ações e decisões da operação Lava Jato e reclamou das alteração de leis e mudanças nas resoluções. "Nós vimos aprovação de regras que amarram o trabalho de procuradores e de juízes na investigação e no processamento de pessoas poderosas. Nós vimos passar regras que esvaziam as colaborações premiadas. Nós vimos passarem regras que amarravam e impediam as prisões preventivas da Lava Jato", afirmou.
Segundo Dallagnol, relembrou uma série de fases da força-tarefa e atacou decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que anularam condenações da Lava Jato e comparou a Corte a um árbitro que quer "mudar as regras e anular os gols" depois da partida. "É como mudarem as regras após o final do jogo e aplicando para trás, para o passado", disse.
Segundo Dallagnol, relembrou uma série de fases da força-tarefa e atacou decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que anularam condenações da Lava Jato e comparou a Corte a um árbitro que quer "mudar as regras e anular os gols" depois da partida. "É como mudarem as regras após o final do jogo e aplicando para trás, para o passado", disse.
Quem também se pronunciou foi o ex-juiz Moro. Ele disse que Dallagnol se filiou depois de ver "os caminhos fechados no Ministério Público". Ele acrescentou que a eleição vai ser "o julgamento público que vai mostrar o que as pessoas realmente pensam. Vai representar mais do que diz um tribunal ou outro".
Moro foi um dos poucos a extrapolar o tema do combate à corrupção e voltou a levantar questões como os problemas econômicos. Citou por exemplo, o aumento da inflação, a taxa de desemprego e a recessão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. "Quando o País não cresce, o emprego também não aumenta e as pessoas sofrem", afirmou.
Ao final do evento, Alvaro Dias pontuou que a corrupção não é uma pauta única para o partido, mas que é inevitável devido à característica dos integrantes do Podemos. "Nosso tema é o Brasil, um projeto estratégico de desenvolvimento econômico e social", afirmou.
No mês passado, Dallagnol pediu demissão do Ministério Público Federal (MPF), após 18 anos na instituição. Na ocasião, ele afirmou que o trabalho de combate à corrupção vem sendo enfraquecido.
“Eu creio que agora eu posso fazer mais pelo país fora do Ministério Público, lutando com mais liberdade pelas causas em que eu acredito. Às vezes, é necessário dar um passo de fé na direção dos nossos sonhos. Eu tenho várias ideias sobre como eu posso contribuir e serei capaz de avaliar, refletir e orar melhor sobre essas ideias depois de sair do Ministério Público. Assim que essas ideias se concretizarem em planos e ações, eu vou compartilhar com vocês”, afirmou.
“Eu creio que agora eu posso fazer mais pelo país fora do Ministério Público, lutando com mais liberdade pelas causas em que eu acredito. Às vezes, é necessário dar um passo de fé na direção dos nossos sonhos. Eu tenho várias ideias sobre como eu posso contribuir e serei capaz de avaliar, refletir e orar melhor sobre essas ideias depois de sair do Ministério Público. Assim que essas ideias se concretizarem em planos e ações, eu vou compartilhar com vocês”, afirmou.
Dallagnol esteve no centro de momentos controversos da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Em um deles, apresentou um PowerPoint em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era apontado como chefe de uma organização criminosa. O fato foi lembrado pelo ex-juiz Moro em sua agenda de lançamento do livro "Contra o sistema da corrupção", na última terça-feira, 7. "Puxa esse PowerPoint foi realmente uma violação do Estado de Direito", ironizou.
Em setembro do ano passado, Deltan deixou o comando da Lava Jato no Paraná após seis anos no cargo. Na ocasião, ele afirmou que se afastou por questões de saúde em sua família.
Em fevereiro deste ano, a força-tarefa "deixou de existir", segundo o MPF. Os procuradores da força-tarefa passaram a integrar o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
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