Diretores da Anvisa recebem novas ameaças após aval à vacinação infantilMarcelo Camargo/Agência Brasil Publicado 19/12/2021 17:34
Brasília - Três dias após o presidente Jair Bolsonaro ter dito que divulgaria os nomes dos responsáveis pela aprovação da vacinação infantil contra a covid-19, diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontam um aumento nas ameaças físicas contra os funcionários do órgão. Em nota emitida neste domingo (19), eles pedem que a Procuradoria-Geral da República, a Polícia Federal e os Ministérios da Justiça e do Gabinete de Segurança Institucional apurem e responsabilizem "com urgência" os autores das intimidações, além de garantir proteção policial aos servidores e seus familiares.
"Os diretores e os servidores da Anvisa que participaram do aludido Comunicado Público do dia 17 último (dando aval à vacinação infantil) foram surpreendidos com publicações nas mídias sociais na 'internet' de ameaças, intimidações e ofensas por conta da referida decisão técnica", afirma o texto, citando como agravante as falas de Bolsonaro. "Esses fatos aumentaram a preocupação e o receio dos diretores e servidores quanto à sua integridade física e de suas famílias e geraram evidente apreensão de que atos de violência possam ocorrer a qualquer momento."
O documento é assinado pelo presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, e pelos diretores Meiruze Sousa Freitas, Cristiane Rose Jourdan Gomes, Romison Rodrigues Mota e Alex Machado Campos. Nele, ainda são citadas as ameaças de morte recebidas pelos funcionários da agência em outubro, para que a vacinação contra a covid em crianças não fosse autorizada pelo órgão.
"Mesmo diante de eventual e futuro acolhimento dos pleitos, a Agência manifesta grande preocupação em relação à segurança do seu corpo funcional, tendo em vista o grande número de servidores da Anvisa espalhados por todo o Brasil", afirma a nota. "Não é possível afastar neste momento que tais servidores sejam alvo de ações covardes e criminosas."
Na última sexta-feira, a Anvisa reagiu às ameaças de Bolsonaro, afirmando em nota que "seu ambiente de trabalho é isento de pressões internas e avesso a pressões externas" e que "repudia e repele com veemência qualquer ameaça, explícita ou velada que venha constranger, intimidar ou comprometer o livre exercício das atividades regulatórias e o sustento de nossas vidas e famílias: o nosso trabalho, que é proteger a saúde do cidadão".
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