Publicado 22/12/2021 17:28
Brasília - A recente aquisição de terreno pelo chefe do gabinete pessoal do presidente Jair Bolsonaro (PL), Célio Faria Júnior, e sua mulher, Vanessa Lima, chamou atenção em Brasília. Localizado no Lago Sul, área nobre da cidade, o espaço é avaliado em R$ 2,15 milhões.
Desde a chegada de Bolsonaro à presidência, em 2019, os ganhos da família de Célio e Vanessa quase que dobraram - de cerca de R$ 40 mil mensais a R$ 76 mil, segundo informações do UOL. Naquele ano, ele atuava como chefe dos assessores especiais do presidente. Em 2020, foi promovido ao cargo atual, remunerado em R$ 22,5 mil brutos.
Vanessa atua como servidora pública desde 2016, e após a eleição se aproximou dos ministérios. Atualmente, como secretária-executiva da Secretaria Geral da Presidência, abaixo apenas do ministro Luiz Eduardo Ramos, ela ganha R$ 20,9 mil.
Além dos cargos, o casal também conseguiu postos como conselheiros em empresas públicas, fazendo com que seus ganhos sejam superiores ao teto do funcionalismo, fixado em R$ 39 mil mensais.
Faria Júnior integra o conselho de Itaipu, com remueração de R$ 34 mil mensais. Na mesma época que foi nomeada para a Secretaria-Geral da Presidência, Vanessa Lima chegou ao Conselho Fiscal da Codevasf (Conselho de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), onde recebe R$ 3,5 mil. No ano passado, passou a integrar o Conselho Fiscal da Emgea (Empresa Gestora de Ativos), com salário de mais R$ 4,4 mil.
Servidor público vindo da Marinha, o chefe de gabinete participou da fase de transição do governo Bolsonaro. De acordo com a reportagem, ele se aproximou do presidente por intermédio de Jorge Oliveira, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), e Pedro Cesar Souza, ex-assessor do presidente quando ainda era deputado. Ele agora é o subchefe para Assuntos Jurídicos da Presidência.
Ao portal, o economista justificou que sua renda aumentou conforme suas responsabilidades no governo aumentaram. "Depois que eu entrei no governo, eu assumi um cargo mais alto, um cargo de natureza especial", disse.
"Sou chefe de gabinete e recebi um [cargo num] conselho de uma empresa que paga um salário um pouco melhor, com mais responsabilidades", afirmou. O Palácio do Planalto não comentou a reportagem.
Faria afirmou que comprou o terreno com economias acumuladas e uma herança de família. A entrada foi de R$ 430 mil. O restante foi financiado na Caixa Econômica Federal.
À Caixa, os rendimentos declarados são maiores que os R$ 39 mil, permitidos já que se trata de receitas vindas dos conselhos estatais. As verbas não contam no teto salarial de políticos e servidores. Em 2019, o governo gastou cerca de R$ 18 milhões com os pagamentos. Alguns membros do executivo recebem R$ 74 mil, salário muito acima do que ganham os ministros do STF.
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