Preço médio de venda da gasolina da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro, enquanto, para o diesel, de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litroHelena Pontes/Agência IBGE Notícias

Brasília - A Justiça Federal estabeleceu o prazo de 72 horas para que o governo federal se manifeste
em uma ação que questiona a alta no preço dos combustíveis anunciado nesta quinta-feira, 10, pela
Petrobras, que passou a valer nesta sexta-feira.
O pedido foi feito pela juíza Flávia de Macêdo Nolasco, da 9ª Vara Federal de Brasília, a partir de um processo movido pelo Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), Sindicatos dos Transportadores Autônomos de Cargas de Guarulhos e de Jundiaí, além da Frente Parlamentar Mista do Caminhoneiro Autônomo e Celetista, com um grupo de 235 deputados e 22 senadores.
De acordo com o pedido, a Advocacia-Geral da União (AGU), o presidente da Petrobras, Joaquim Silva, e Luna, e a própria estatal deverão se posicionar sobre o aumento nos combustíveis. 
As entidades solicitam que haja a suspensão imediata do reajuste da gasolina, com alta de 18,77%, do diesel, de 24,9%, e do gás de cozinha, que sofreu aumento de 16,1%. O CNTRC afirma que a política de preço do combustível não deveria ser atrelada ao valor internacional do barril de petróleo e que por esse fator os consumidores saem prejudicados.
Caminhoneiros
Em áudio enviado nesta sexta-feira, 11, aos caminhoneiros abrigados na Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), o diretor da entidade, Carlos Alberto Litti Dahmer, mostrou sua indignação com o aumento do preço de combustíveis anunciado ontem pela Petrobras e disse aos seus pares que "não dá pra ficar calado com esse abuso do preço do combustível". "Não podemos ficar de braços cruzados aceitando a um desmando desse tipo", disse e acrescentou: "A gente não pode se permitir não dar um grito de saída e aceitar isso calado como ovelha e boi manso. Precisamos fazer algum movimento". No áudio, Dahmer não mencionou, em nenhum momento, a palavra greve, mas disse que a categoria precisa "fazer algum movimento". "Estou à disposição da luta, de que alguma coisa precisa ser feita, mas sozinho ninguém faz nada; precisamos ter mais participação e estou aberto e disposto a ouvir."

Dahmer, que é caminhoneiro em Ijuí (RS), lembrou que, especialmente este ano, no Rio Grande do Sul, com a quebra de safra de grãos no Estado, "vai sobrar caminhão (para transportar os grãos), não vai ter mercado e muita gente vai sair da atividade, inclusive". Então, protestar contra o aumento dos preços dos combustíveis é, para ele, "uma questão de sobrevivência". "Os que ainda restam na atividade que se deem as mãos para sair do atoleiro da areia movediça. Tem que reagir", finalizou.
Reajustes
Diante do aumento do preço do petróleo, a Petrobras anunciou nesta quinta-feira, 10, o reajuste nos valores da gasolina e diesel após quase dois meses de custos congelados nas refinarias. O preço médio de venda da gasolina da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro, enquanto, para o diesel, de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro. A estatal também informou alta no gás de cozinha, que modificará de R$ 3,86 para R$ 4,48 por kg, equivalente a R$ 58,21 por 13kg.
"Após 57 dias sem reajustes, a partir de 11 de março de 2022, a Petrobras fará ajustes nos seus preços de venda de gasolina e diesel para as distribuidoras", disse em nota, a estatal.
De acordo com a Petrobras, esse movimento da Petrobras vai no mesmo sentido de outros fornecedores de combustíveis no Brasil que já promoveram ajustes nos seus preços de venda. Apesar da disparada dos preços do petróleo e seus derivados em todo o mundo, nas últimas semanas, em decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia, a Petrobras explicou que decidiu não repassar a volatilidade do mercado de imediato, realizando um monitoramento diário dos preços de petróleo.
No entanto, após serem observados preços em patamares consistentemente elevados, tornou-se necessário que a estatal promovesse ajustes nos seus preços de venda às distribuidoras. "Isso para que o mercado brasileiro continue sendo suprido, sem riscos de desabastecimento, pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras", explicou a empresa.
De acordo com a estatal, a redução na oferta global de produto, ocasionada pela restrição de acesso a derivados da Rússia, regularmente exportados para países do ocidente, faz com que seja necessária uma condição de equilíbrio econômico para que os agentes importadores tomem ação imediata, e obtenham sucesso na importação de produtos de forma a complementar o suprimento de combustíveis para o Brasil.
Considerando a mistura obrigatória de 27% de etanol anidro e 73% de gasolina A para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 2,37, em média, para R$ 2,81 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,54 por litro.
No caso do diesel, levando em conta a mistura obrigatória de 10% de biodiesel e 90% de diesel A para a composição do diesel comercializado nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 3,25, em média, para R$ 4,06 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,81 por litro.
Para o GLP, o último ajuste de preços vigorou a partir de 9 de outubro do ano passado, há 152 dias. Com o anúncio da alta do gás de cozinha, haverá um reflexo no reajuste médio de R$ 0,62 por kg.
"Esses valores refletem parte da elevação dos patamares internacionais de preços de petróleo, impactados pela oferta limitada frente a demanda mundial por energia. Mantemos nosso monitoramento contínuo do mercado nesse momento desafiador e de alta volatilidade", informou a estatal.
Além disso, a Petrobras destacou que reitera seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, acompanhando as variações para cima e para baixo, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato para os preços internos, das volatilidades externas e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais.
De forma a contribuir para a transparência de preços e melhor compreensão da sociedade, a Petrobras publica em seu site informações referentes à formação e composição dos preços de combustíveis ao consumidor. Para isso, as informações disponíveis são através do link: https://petrobras.com.br/pt/nossas-atividades/precos-de-venda-de-combustiveis/.