Ilustrador desenvolve jogo inspirado em Pokémon para divulgar a cultura brasileira

'Bagdéx' já conta com 151 monstrinhos baseados na nossa fauna, flora, folclore, cultura e memes. Utilização da cultura para divulgar o país e fortalecer a economia é uma das estratégias utilizadas pela Coreia do Sul, que disseminou o K-Pop pelo mundo

Brasil

Karilayn Areias
Ilustrador Wagner Ariey desenvolveu jogo inspirado em Pokémon para divulgar a cultura brasileira Reprodução Twitter

Rio - O ilustrador Wagner Ariey Janelli Tamborin desenvolveu um jogo inspirado no Pokémon para divulgar a cultura brasileira. Chamado de "Bágdex", o game — que está disponível para download nas lojas virtuais — já conta com 151 bichinhos baseados na nossa fauna, flora, folclore, cultura e memes. Entre as inspirações destacam-se o vira-lata caramelo, a coxinha e até as vacinas que combatem a Covid-19. Confira os bágmons na galeria abaixo:

Galeria de Fotos
Monstrinhos do Bágdex são inspirados na cultura brasileira Reprodução Bágdex
Monstrinhos do Bágdex são inspirados na cultura brasileira Reprodução Bágdex
Monstrinhos do Bágdex são inspirados na cultura brasileira Reprodução Bágdex
Monstrinhos do Bágdex são inspirados na cultura brasileira Reprodução Bágdex
Monstrinhos do Bágdex são inspirados na cultura brasileira Reprodução Bágdex
Monstrinhos do Bágdex são inspirados na cultura brasileira Reprodução Bágdex
Monstrinhos do Bágdex são inspirados na cultura brasileira Reprodução Bágdex
Monstrinhos do Bágdex são inspirados na cultura brasileira Reprodução Bágdex
Monstrinhos do Bágdex são inspirados na cultura brasileira Reprodução Bágdex
Monstrinhos do Bágdex são inspirados na cultura brasileira Reprodução Bágdex
Mapa do jogo está em desenvolvimento Reprodução Twitter
Mapa do jogo está em desenvolvimento Reprodução Twitter
Ilustrador Wagner Ariey desenvolveu jogo inspirado em Pokémon para divulgar a cultura brasileira Reprodução Twitter

Segundo Tamborin, a ideia do jogo surgiu de forma não-intencional. O ilustrador tem o hábito de desenhar pokemóns como hobby desde criança e após um vídeo seu viralizar no ano passado surgiu a ideia do game abrasileirado. Na publicação que fez sucesso nas redes, Tamborin desenhou duas evoluções de um bem-te-vi depois do surgimento de um meme. O sucesso foi tanto que ele bateu mais de 1 milhão de visualizações no Tik Tok.

"Depois disso fui criando cada vez mais monstrinhos baseados na nossa cultura, e no fim, tinha 151 bágmons e um universo que se expande um pouco mais a cada dia. Hoje, já temos o aplicativo em que é possível conferir curiosidades sobre todos os bágmons, no que eles são baseados, qual o nível de extinção dos animais da nossa fauna, sobre as regiões do Brasil, fotos reais de fotógrafos brasileiros, curiosidades e muito mais. Tudo textual, mas também narrado para uma maior acessibilidade", conta.

O desenvolvimento do projeto demorou ao menos oito meses e, além dele, mais três pessoas participaram de sua criação: o game designer, Arthur Aguiar, e os desenvolvedores Matheus Martins e Felipe Bonfante, todos amigos de longa data. Entretanto, apesar do aplicativo já estar disponível para download, o jogo em si ainda não está pronto e só é possível conferir como são os monstrinhos.

De acordo com Tamborin, ainda é difícil estimar a data em que o jogo estará totalmente disponível, pois eles ainda irão lançar um financiamento coletivo para colocá-lo no ar. "Precisamos arrecadar fundos para o desenvolvimento desse projeto, pois ele é algo gigantesco", diz. Vale lembrar que recentemente, Tamborin fechou uma parceria com a Dumativa, um estúdio brasileiro de desenvolvimento de jogos responsável pelo projeto A Lenda do Herói, e que está auxiliando no desenvolvimento da campanha que visa arrecadar fundos.

Licença preocupa comunidade

Devido sua inspiração na conhecida franquia do Pokémon, Tamborin é por diversas vezes questionado por seguidores se a Nintendo não poderia processá-lo ou derrubar o jogo. Tranquilo quanto a isso, o ilustrador diz que isso não irá acontecer, pois o projeto é totalmente autoral e explica que a "Nintendo tem direito sobre os seus personagens, nomes e códigos de jogos, mas não tem direito sobre o estilo do jogo em si".

"Essa é uma questão muito recorrente, pois a Nintendo tem um histórico de processar e/ou tirar do ar quaisquer projetos paralelos que se baseiam na franquia Pokémon. Porém, o detalhe que passa despercebido de quem questiona é que a Bágdex não tem nenhum vínculo com a franquia em questão. Todo o nosso material, os monstrinhos, os nomes, o universo, é tudo de minha autoria. Todos os projetos que a Nintendo derrubou até hoje ela o fez com razão, pois usavam algo de sua propriedade intelectual. Mas quanto a isso nossa equipe está tranquila, pois nosso projeto é totalmente autoral e se encaixa na mesma categoria que outros projetos de sucesso que usam a temática de 'batalhas e captura de monstrinhos', como Nexomon, Coromon, TemTem e até mesmo Digimon".

Ativação de lembranças afetivas e uso educacional

O mapa do jogo ainda nem foi lançado, mas o Bágdex já vem dando o que falar. Diversos usuários enviaram relatos de como ter contato com o game os fizeram se emocionar, relembrar da infância e ainda ter bons momentos ao lado de seus filhos. 

Além disso, outro uso do jogo tem sido o educacional, já que professores estão realizando dinâmicas com crianças usando a Bágdex para ensinar sobre folclore, fauna e flora. "Recebo quase diariamente desenhos baseados nos Bágmon, fanarts, relatos de pais e mães dizendo que os filhos estão adorando o projeto. Até TCC já me informaram que estão fazendo e usando a Bágdex como inspiração. Isso me marca muito pois é um espelhamento direto que eu faço comigo, quando vejo as fotos dos desenhos e as crianças interagindo com o meu projeto, eu me vejo ali, com a mesma idade desenhando pokémons nos meus caderninhos. De alguma forma isso é um ciclo muito mágico e bonito, e saber que isso pode ser muito mais e marcar pessoas é o que me motiva a continuar", finaliza.

Investimento em cultura pode fortalecer economia

A utilização da cultura para divulgar o país e fortalecer a economia é uma das estratégias utilizadas pela Coreia do Sul, que disseminou o ritmo musical K-Pop, novelas, programas de televisão e jogos pelo mundo. Para se ter uma ideia do impacto que a disseminação de uma cultura pode causar na economia de um país, segundo a Fundação Coreana para o Intercâmbio Cultural Internacional (Kofice), exportações ligadas a conteúdos produzidos pela Coreia do Sul atingiram US$ 11,69 bilhões somente em 2021. O valor inclui o setor de games, que possui um peso considerável nesta conta.